É constante o debate sobre a existência ou não de liberdade individual em sociedades organizadas sob a forma de democracias liberais capitalistas.
Como tal principio está no cerne do pensamento liberal, e na ponta de língua de seus defensores, muitos opositores atacam o realismo dessa construção como forma de confrontar o próprio liberalismo.
De fato, no ataque usual nada se fala sobre a completa inexistência de qualquer tipo de liberdade nos sistemas alternativos, mas creio que responder o questionamento sobre a liberdade real em democracias liberais capitalistas com o velho e vazio “o seu regime é que não tem”, não é algo lá muito genial.
Uma maneira útil de focar a questão é na própria crítica, que usualmente toma a seguinte fora: “não tenho liberdade de fato, pois não posso fazer tudo que quero”.
Na vida em sociedade nossa liberdade sempre terá um limite e este será a liberdade dos demais indivíduos. Como destacou Friedman, ao citar importante jurista norte-americano, “a liberdade de movimentação do seu punho termina com a proximidade de meu queiro”.
Nesse ponto surge então uma incógnita, se a liberdade individual não é “faço tudo que quero”, então o que ela é?
No meu ponto de vista, a idéia de que liberdade se mede pela capacidade de fazer tudo que se quer é uma maneira “criança mimada” de medição. Acredito que a verdadeira medida é nossa capacidade de dizer não e ter esse não respeitado pelos outros e pelo Estado.
Então, para mim, o país mais livre é aquele onde as pessoas têm maior liberdade para se recusar a fazer coisas que não querem. Veja que esta é uma medida inversa à usualmente utilizada nas críticas ao liberalismo, mas de fato, creio eu, é mais importante.
Umas das características mais marcantes em regimes que desrespeitam a liberdade dos indivíduos não é a restrição ao que se quer fazer, mas sim a imposição do que se irá fazer.
Abs
José Carneiro