Enquanto aqui gastamos uma enorme quantidade de energia discutindo o Pré-Sal, há uma evidente questão de poder latente na autoridade de conceder o benefício gerando emprego, há outras discussões envolvendo o petróleo.
Uma vertente fala dos danos ambientais da extração. Outra fala dos danos ambientais do uso.
Parece que há algo como o nosso “direito natural” de extrair o petróleo para tirar lucro dele. A desculpa está em que esse lucro seria empregado em “prol” da nação. Tendo em vista que o agente é o Estado e apenas lendo os jornais dá para desconfiar da eficiência com que esses recursos serão usados em prol da nação e não em prol do Sarney ou do Collor ou do Lula, por exemplo.
Mas também parece que nosso “direito natural” nos impede de avaliar os prejuízos ambientais de mais 20 bilhões de barris. Na raiz da indagação sobre esta fome, esta ansiedade de consumir, estão muitas respostas sobre nossas escolhas e sobre o futuro que queremos para nós e para nossos descendentes. Mas quem tem coragem de enfrentar um debate que começa na recusa ao consumo? Isso tira voto...
Abaixo o belo exemplo do Chile e do Equador.
Demetrio Carneiro
Com repasse de US$ 100 mil, país se torna primeiro a apoiar proposta equatoriana de não extrair 846 milhões de barris na Amazônia
da PrimaPagina
O governo chileno oficializou a entrega de US$ 100 mil para ajudar o Equador a não explorar um total de 846 milhões de barris de petróleo localizados nos campos Ishpingo-Tambococha-Tiputini, que ficam dentro da reserva ecológica Yasuní, na parte equatoriana da Amazônia.
Com isso, o país se tornou o primeiro a aderir à proposta equatoriana, nomeada Yasuní ITT e que evitará a emissão de 407 milhões de toneladas métricas de carbono à atmosfera, quantidade que seria liberada pela queima dos combustíveis fósseis.
O ministro das Relações Exteriores do Chile, Alfredo Moreno Charme, foi o encarregado de entregar a seu colega equatoriano, Ricardo Patiño, o certificado de que os US$ 100 mil tinham sido depositados no fundo de fideicomisso administrado pelo PNUD.
O chanceler chileno admitiu que o valor não é alto, mas destacou que a contribuição é um reconhecimento ao esforço que o Equador está fazendo ao tentar compatibilizar a agenda ambiental com o desenvolvimento.
"O investimento e compromisso que o governo do Chile está fazendo economicamente a este fundo, embora não seja uma cifra muito significativa, é o que podemos fazer", ressaltou Moreno Charme, que lembrou que o país ainda se recupera de um terremoto, registrado em fevereiro, e precisa atender a outras necessidades da população.
No evento, o chanceler chileno e o representante do PNUD no Equador, José Manuel Hermida, assinaram o acordo. Hermida afirmou que espera que o exemplo de Equador e Chile sirva para incentivar as contribuições necessárias para o sucesso da iniciativa Yasuní ITT e atrair outros países do mundo, que poderiam reproduzi-la.
"Essa seria uma nova arma no arsenal da luta implacável contra a mudança climática", complementou.