quinta-feira, 21 de outubro de 2010

CONTROLE CAMBIAL E VULNERABILIDADE

Existem muitos estudos disponíveis sobre vulnerabilidade externa via deficiência no mercado interno de crédito. Ainda voltarei a falar sobre isso no comentário de um interessante texto que debate a situação do México: Why isn’t México Rich? O que espero fazer ainda hoje.

O governo vem adotando medidas visivelmente inócuas para tentar conter a apreciação do real. A pergunta é por qual motivo isso vem sendo feito? Qualquer que seja não acho que esteja no campo da teoria econômica, mas sim no campo da política.

Primeiramente acho que é na intenção de mostrar trabalho, frente a um evidente problema de fragilidade nas políticas de governo. No caso a fragilidade está no próprio modelo de desenvolvimento adotado. Isso fica oculto, e favorece o governo, pela inexistência de debate.
Mas, talvez, seja algo mais e se refira à fragilidade em si própria. Certamente não interessa à situação um debate sobre o motivo pelo qual o dólar está tão apreciado – debilidade das fontes internas de crédito – e muito menos as consequências disso.
Não estou me referindo ao debate da Doença Holandesa, que acaba escamoteando outra questão muito mais séria.
Estou me referindo à completa vulnerabilidade de colocar todo um projeto de desenvolvimento na alçada do mercado internacional de crédito.
Chega a ser hilário constatar um governo que tem todo um discurso “libertador”, que posa de anti-hegemonista no plano internacional, que nos livrou das garras do monstro do FMI, estar pura e simplesmente nas mãos do capital internacional.
Quem enxerga maldade no capital internacional são eles. No meu caso só acho que estão se baseando num contexto sobre o qual não têm qualquer controle. Hoje o mercado de crédito do resto do mundo é farto e generoso. Amanhã pode não ser.

Essa vulnerabilidade, típica de processos incompletos de desenvolvimento, deveria estar sendo combatida hoje e agora. Mas quem disse que mercado interno de crédito é uma preocupação de governo?

Infelizmente nosso debate eleitoral está prá lá de Marraquesh e não dá tempo de discutir essas questões triviais e tão longe do interesse do povo brasileiro.

Demetrio Carneiro