sábado, 23 de outubro de 2010

O FIM DO MITO DO BRASILEIRO CORDATO?

O que me preocupa é que esta postura de dirigentes do PT e do próprio Lula, independentemente do resultado eleitoral, crie no País um clima de muito maior acirramento e radicalização, no período pós-eleitoral, do que seria adequado e se esperava.
Aécio Neves – entrevista ao Estado de São Paulo – 23 de outubro


Gilberto Dimenstein em comentário datado de hoje, 23, “Lula contra Lula”, faz um comentário centrado e objetivo, lamentando que Lula tendo todos os meios de terminar vitoriosamente seu governo optou pelo choque, pelo entrevero.

Colunistas têm comentado o viés de vingança e ressentimento claro nos discursos pela extinção do DEM ou pela não eleição de alguns adversário políticos.

Também hoje, no Blog do Noblat, outro comentário, desta vez de do jornalista Rui Fabiano: “O que dela ficará ( a eleição ), seja qual for o resultado, é a quebra de compustura do cargo de Presidente da República, como nunca antes se viu neste país”.

Durante os oito anos de governo Lula a oposição nunca soube exatamente como “ser oposição” ou até se realmente era oposição. O contexto da entrevista dada por Aécio, citada na abertura, é o da mudança de postura do “pos-Lula” para o “anti-Lula”.
Mesmo Serra se embaraçou na estratégia e só não perdeu no primeiro turno por graça da atuação de Marina Silva., embora e lamentavelmente só tenha captado dela o lado anti-aborto.
Quando Lula resolveu continuar o projeto iniciado no governo FHC, ampliando a cobertura social e transformou as políticas públicas de proteção e promoção social em artefatos de mídia auto-promocional, a oposição ficou mais confusa ainda.
Afinal, como lutar contra um governo que se auto-intitula, e paga a mídia para garantir que garante, garantidor da justiça social e dos direitos humanos? Naquele momento, será que apenas naquele?, o problema da oposição é que ela mesma não entendia nada nem de uma coisa, nem de outra.
O discurso oposicionista sobre garantias e promoção social ainda é dúbio e inseguro.
Parte importante da oposição remonta a uma esquerda pré-histórica, que ainda não entendeu as mudanças e anda, como o próprio Chico Buarque, querendo que a Rosa dos Ventos informe a direção: A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda-viva e carrega o destino prá lá...

Muito bem, foram oito anos de oposição “cordial”. Os anseios de poder, as necessidades de Lula e sua famiglia cruzaram, digamos assim, o Rubicão.
Eleito Serra ou eleita Dilma teremos outros tempos.
Eleito Serra teremos um estilo de oposição que certamente será muitos pontos mais agressivo que “jamais em tempo algum” o PT foi.
Eleita Dilma, dificilmente será o mar-de-rosas pragmático que muitos estão prevendo. Dilma deverá muito ao discurso radical e terá que honrar os compromissos. Logo iremos descobrir o cacife do PMDB para bancar a normalidade.

Demetrio Carneiro