Imagem, atenção Google, sem direitos autorais: Imaginem um grupo de gladiadores gritando “Ave, César. Nos que vamos pagar cada vez mais tributos te saudamos!”
Faz parte da cultura esquerdista clássica a necessidade do líder, o grande condutor. Faz parte dessa lógica a construção do mito pelos depoimentos de pessoas próximas.
Jorge Hage, ministro de governo e responsável pela CGU, que é o controle interno governamental, acaba de lançar um pequeno livro: “O governo Lula e o combate à corrupção”.
Nada mais natural que o agente público justificar seu trabalho e apresentar as virtudes do chefe, em edição da fundação do PT, Perseu Abramo, mantida com recursos públicos, em brochura a preços bem populares, muito embora a CGU tivesse que ser uma estrutura de Estado e não de governo, mas o que impressiona realmente é a formatação do discurso que tudo explica.
No conceito de Hage: "O que o governo Lula fez foi retirar a tampa do esgoto e revelar a sujeira que se escondia abaixo da superfície. Tudo o que agora exala do que há de podre estava aí acumulado e abafado havia muito tempo."
Na realidade o ministro alinha seu depoimento a uma centena de outros depoimentos de petistas, feitos na direção de relativizar todas as denúncias que vão aparecendo. No fim do dia não é que haja mais corrupção, mas é que neste governo as coisas são mais transparentes.
Já eu já diria que são mais amadores e se deixam pegar pelo pé com mais facilidade e que essa “transparência” não é marca desse governo e sim de um longo processo de lutas republicanas. Não fazem por querer apenas. Fazem por estarem obrigados.
De qualquer forma ai está: Nunca, em tempo algum, ninguém fez mais por esse país. Esse é o cara, Lula, que tirou a tampa do esgoto. Ponto.
Evidentemente vir à público em meio a dois mega-escândalos e um salvo conduto dado pela CGU, do Ministro Hage, a Erenice, deve ser mera coincidência.
No paralelo, talvez até animados pela publicação, a Comissão de Ética(?) do governo decidiu arquivar o caso contra o filho de Tuma. Aquele que sendo responsável pela Secretaria Nacional de Justiça disse “não ver nada demais” em ser amigo do maior contrabandista brasileiro. Parece que “faltam elementos” para comprovar o desvio ético.
Deve ser mais ou menos como aquela regra da LDO 2011 que impede o TCU de trabalhar até que se prove definitivamente se as obras declaradas irregulares o são de fato. A regra exige na realidade o trânsito em julgado. Algo que, digamos, pode levar 20 anos ou mais. Quer dizer: A obra é realizada(?) com evidências ou não de desvios ou superfaturamento. Daqui a 20, 30 anos, quando e se forem comprovados os fatos, ai se toma uma atitude.
A decisão de também colocar na LDO 2011 uma instrução que praticamente anula os efeitos da proposta do SICONV, que é dar transparência total aos convênios envolvendo recursos públicos, dando autonomia aos ministérios para usar ou não a estrutura, certamente também foi produzida na intenção, “boa”, de facilitar a vida do governo e das empreiteiras.
Tudo bem. O “Projeto Lula” é vitorioso e pode tudo.
Ave Lula!
Demetrio Carneiro