Entramos agora no segundo turno.
Ao que parece a estratégia petista mais forte estará nas comparações entre o governo FHC e o governo Lula.
A indagação que resta é: Por qual motivo? Qual a raiz, a origem dessa verdadeira obsessão?
Afinal o governo FHC aconteceu antes do governo Lula. Se tivesse acontecido depois ainda teria algum sentido, pois daria para dizer algo do tipo: Eu melhorei e ele, depois, piorou. Sendo no formato contrário, dizer que “melhorou” não é mais do que uma obrigação, afinal foi para isso que foi eleito. Obrigação não é mérito.
Outras questão é imaginar que há um “estilo PSDB” de gestão. Ai teria sentido comparar a gestão lula com uma gestão que não foi a de Serra. Mas existe mesmo um estilo PSDB no mundo real? Essa operação tem uma dupla finalidade: Numa ponta ela quer é dizer que existe um “estilo PT” de governar e que Dilma=Lula. Na outra ela usa o debate passado, onde o PT acusava FHC de ser subserviente aos interesses do capital internacional, um agente do neoliberalismo. Então FHC “neoliberal”=Serra.
A velha e básica dicotomia do bem contra o mal, do justo contra o injusto. Do tudo de bom contra o tudo de ruim.
A questão final, aqui, é que há muito rescentimento.
Lula, o “antineoliberal” foi derrotado por FHC duas vezes. Ambas no primeiro turno.
Duas vezes brasileiros e brasileiras disseram “não” a Lula e preferiram FHC.
Só um ressentimento tão forte pode explicar ainda haver preocupação de Lula e o PT nas comparações.
Maior ainda deve ser o ressentimento por Lula só conseguir se eleger tendo mudado completamente o discurso. Todos conhecem fartamente a “metamorfose ambulante” que transformou Lula- sindicalista- radical em Lula-paz-e-amor. Assim como todos viram, agora, no primeiro turno, o resultado eleitoral do retorno do Lula-radical.
Botar chifre em cabeça de porco é apenas uma forma disfarçada de não discutir suas próprias deficiências.
Uma longa exposição de “vantagens” Lula sobre desvantagens FHC não resiste a uma análise mais detalhada.
Lula e o PT não criaram o mundo e muito menos as políticas sociais.
Elas foram resultado de 18 anos de lutas contra a ditadura e do consenso de todas as forças desta luta. O resultado está expresso em nossa Constituição Federal. Justiça social não é uma vontade de um presidente. Justiça social é resultado de um mandato constitucional autorizado pelo povo brasileiro. Não é política de um governo. É política do Estado Brasileiro.
Foi durante o governo de Itamar Franco, ex-presidente e senador(PPS) eleito por MG, que o Plano Real foi implementado. Foi o Plano Real que interrompeu uma sequência de anos de alta inflação. Foi no governo FHC que as políticas de estabilidade econômica, meta de inflação e responsabilidade fiscal, se consolidaram. Aliás é bom lembrar que Lula e o PT votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal que era prevista na Constituição Federal.
Lula e o PT negam uma sequência lógica de crescente consolidação da gestão pública brasileira, mas foi esta sequência lógica que criou a estabilidade econômica atual. E foi essa estabilidade que deu meios de romper com o ciclo inflacionário conservando o poder de compra dos salários, benefícios e aposentadorias.
Certamente Lula e os radicais petistas odeiam a estabilidade econômica, que olham como coisa “neoliberal”. Mais irritados devem ficar, pois não podem assumir publicamente que defendem o fim do regime que permite o controle da inflação.
Lamentavelmente não se irritam quando o assunto é o oligopólio bancário que viabiliza os juros altos ou a altíssima carga tributária, que querem aumentar, ou a política de gastos públicos descontrolada que mantém, apesar dos discursos de intenção mentirosos, a taxa de juros nas alturas. Também não se irritam quando o BNDES usando dinheiro público favorece os amidos do Rei e nem quando para isso se cria uma dívida que lá na frente virará tributo. Não se irritam quando a corrupção e o roube se instalam ao lado do gabinete do presidente.
Todas aquelas coisas são “normais”. Errado é o FHC.
Ridícula a comparação do “progresso econômico” durante o governo Lula, transvestido em números do PIB, com o governo FHC. Apenas esquecem que aquele governo, além de vir de um período de anos de instabilidade econômica, ao contrário de Lula que herdou a herança bendita da estabilidade, enfrentou sucessivamente três fortíssimas crises econômicas, isso num momento onde as bases da economia brasileira ainda não eram tão fortes.
De qualquer forma e apenas para demonstrar o perigo dessa lógica, também podemos comparar o PIB dos anos de ditadura militar e o PIB dos anos de governo Lula.
Durante um período bem longo da ditadura( 1970/1979 ) o PIB brasileiro foi mais que o DOBRO (média de 8,9%) do PIB durante os 8 anos de governo Lula (2002/2009 – 3,55%).
Aliás, o “espetacular desempenho” de Lula também pode ser posto em contraste com o crescimento médio do PIB brasileiro durante todo o período republicano: 4,55% Num ranking de presidentes brasileiros, tendo em vista o crescimento do PIB, entre 29, o “cara” ficaria em 21°.
Uma sugestão para os que acreditam em mistificações: Lula poderia, então, ressuscitar algum dos generais presidentes da ditadura e colocar no lugar da Dilma.
Ainda poderíamos mostras as mentiras quanto à liquidação da dívida externa ou a pobreza de raciocínio comparando a dívida líquida dos dois governos, mas, apenas pra não ficar muito cansativo, vamos ficar por aqui: O salário real pago aos trabalhadores durante o governo FHC foi MAIOR que o salário real pago hoje no governo Lula.
SÍNTESE:
PAÍS DECENTE SÓ COM SERRA PRESIDENTE!
Demetrio Carneiro