terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A GOVERNANÇA MIDIÁTICA E O FIM DOS PARTIDOS DE MILITÂNCIA ATIVA

Se há algo que o projeto petista domina com vigor é a percepção do papel da mídia nas propostas de poder no Estado.

Não é nenhuma coincidência o governador eleito do DF, o petista Agnelo, haver criado uma “Secretaria da Publicidade”. Abmael Nunes Carvalho, o secretário, já foi Coordenador de comunicação do PT. É alguém de dentro da máquina, já que suas outras qualificações: Professor pós-graduado em Geoprocessamento ou Administrador Regional não são exatamente assuntos ligados ao ramo.

Já passou a época que publicidade era colocar placa e fazer comício. Hoje a política trabalha não com o fato concreto, mas com a percepção do eleitor. Não é tanto o que se faz, mas como o eleitor percebe o que é feito. Boa parte da explicação dos números de Lula vem daí e foi essa percepção que ele não conseguiu transferir para Dilma, embora tenha conquistado a eleição dela com base nos acordos fisiológicos.
O que Lula conseguiu produzir foi a percepção de que de alguma forma ele é o responsável pessoal por todos as coisas positivas de seu governo e que as negativas nunca existiram, foram fantasias da mídia. Esse último tema tem sido presença constante em 9 de 10 falas do quase ex-presidente.
A produção dessa percepção na se dá a custo zero e é depende de uma estratégia clara e muito bem delineada. São as questões que derrotaram Serra.

Esse fazer política não sobre o que é feito, embora seja claro que deve haver uma base real mínima de partida, mas sobre o que o eleitor percebe é um formato muito diferente da política tradicional e empresta à propaganda uma qualidade que antes era da militância: Formação de opinião. Nesse modelo a militância reflui ao seu papel mais tradicional de mobilização durante as eleições. Estamos viivendo os momentos agônicos dos partidos de militância ativa.

O novo estilo de governança prescinde de produção de política orgânica e resolve sua sustentação de poder na ampliação ao infinito da “rede” de repetidoras da leitura oficial. Daí a extrema importância na organização da blogosfera e da rede social governista que vai se somando aos veículos institucionais numa verdadeira invasão do espaço público.

É na raíz desse novo formato de prática política que está a irrefreável vontade e necessidade de controle da mídia institucional. A não institucional devem imaginar capaz de ser esmagada pelo peso da rede social governista.

De outro lado a necessidade de velocidade, capilaridade e recepção da mensagem reforçam o uso do discurso ideológico nos estilo pobres contra ricos etc. Fortíssimos elementos presentes em nossa cultura. Uso extremamente facilitado pela despolitização da política, a inexistência do debate de categorias e pela inabilidade da oposição em repolitizar a política e reintroduzir o debate de categorias.

Essa é uma questão para 2012 e que vai muito além das propostas meramente administrativas ou organizacionais.

Demetrio Carneiro

Lula coloca publicidade estatal em 8.094 veículos

Desde 2003, aumento é de 1.522% em rádio, TV, jornal, revista e blog atendidos. Neste ano eleitoral, 1.047 novos meios de comunicação passaram a receber recursos de publicidade federal.