Tivemos recente evento na FGV unindo díspares posições políticas. Dava para desconfiar que da ampla temática acabariam focando na restrita questão protecionista. Embora tenha sido justamente um representante da indústria quem afirmou que o protecionismo não era a saída, não deu outra. Nos dias seguintes matérias foram apresentadas na mídia defendendo o retorno de políticas protecionistas, sempre secundadas pelos defensores da “doença holandesa hoje!” e da intervenção no câmbio.
Agora o Fórum Econômico Mundial, num relatório sobre competitividade -The Global Competitiveness Report 2010/2011 - coloca o Brasil, entre 138 outras nações, num nada honroso 58º lugar, fazendo par com outros desonrosos lugares, como no caso da concentração de renda.
A matéria da Folha, que relata o assunto, inicia comentando o Brasil “dual”:
“Um tem feito progressos significativos em áreas como sofisticação do mundo empresarial, desenvolvimento do mercado financeiro e ambiente macroeconômico.
O outro é, entre as 139 nações analisadas, o pior classificado nos quesitos impacto da tributação e peso da regulamentação governamental. Tem instituições fracas, um dos piores ensinos primários do mundo, mercado de trabalho rígido e ainda sofre com a incidência da malária.”
Enfim, competitividade não se resolve por decreto ou pela mídia. O debate eleitoral que não houve poderia ter sido um ótimo ponto de partida para um diálogo mais consistente sobre o nosso desenvolvimento. Infelizmente não foi o que constatamos.
Infelizmente, também, o atual governo confunde inserção nacional no mundo com a inserção pessoal do presidente à busca de votos multilaterais e ao contrário de termos uma consistente política externa estamos condenados a passear planeta a fora de mãos dadas com ditadores e a inaugurar embaixadas nos lugares menos importantes - sem desqualificar os países, por favor, estamos falando de estratégias de logo prazo - do planeta.
Demetrio Carneiro