A matéria, abaixo, de Rudolfo Lago, no Congresso em Foco, é bem oportuna.
O quadro dos governadores potencialmente eleitos mostra-se diferente do quadro eleitoral para a eleição presidencial.
Em termos de avaliar o quadro do futuro governo na realidade precisaríamos ainda aguardar os resultados para deputado federal e senador para ter uma noção melhor. Provavelmente também terá outro desenho e este desenho deverá ser mais importante para a política federal do que a eleição dos governadores, provavelmente.
Há a impressão de que a atual situação deverá ser maioria, o que facilitará muito um possível governo Dilma. Mesmo tão havendo uma formação ideológica clara, ou talvez até por isto, todos os presidentes eleitos dentro do regime da nova república tiveram problemas de governança com o Congresso. Foi uma claríssima escolha estratégica governista buscar eleger maiorias na Câmara e no Senado.
De qualquer forma já fica evidente o que já se sabia em parte. Que as eleições nos estados têm outro caráter se comparadas com a eleição presidencial.
Alguns analistas, no caso de Marina, assinalaram a importância da disputa a governança estadual. De fato a coligação situacionista elege provavelmente 17 governadores, enquanto a coligação oposicionista elege 10.
Contudo e imaginando um governo Dilma, numericamente a oposição governará sobre aproximadamente 94 milhões de brasileiros. Já a situação sobre aproximadamente 96 milhões.
Se forem confirmadas as previsões, as eleições para governadores apresentam duas questões interessantes:
a) O maior “vencedor” isolado é o PSDB, pois terá eleito 7 governadores entre 27, mas governará sobre 89 milhões de brasileiros. Os outros partidos da coligação PPS, DEM e PTB terão eleito, cada, um governador, mas em estados sem muito significância no quadro nacional;
b) Outro “vencedor” terá sido o PSB. Com 4 governadores e aproximadamente 24 milhões de brasileiros, terá sido o único partido de esquerda dentro da coligação governista, além do PT, que poderá manter personalidade própria nas políticas estaduais .
Tantos governadores ligados à oposição eleitos poderia ser desconfortável, mas não há indícios de que será, de fato. Desde a instalação da Nova República a política de governadores tem se mostrado desligada das dicotomias situação/oposição. Não temos tido embates dentro da estrutura executiva. Normalmente os embates são entre oposição parlamentar e executivo situacionista. O mesmo problema acontece nos municípios. Parece que se criou uma lógica de que o único executivo que pode fazer política é o central, cabendo aos níveis inferiores comportar-se como bons trabalhadores.
Não custa lembrar que a falta de combatividade política dos governadores tem sua raiz no golpe civil-militar de 64, que em seus primeiros momentos sobre neutralizar tanto os governadores opositores quanto os aliados.
Evidentemente este formato de oposição com governadores e prefeitos neutros, transferindo os embates para o parlamento, caso realmente a situação faça maioria nas duas casas, terá que mudar e governadores terão que ser mais pró-ativos. Do contrário não teremos oposição possível.
Do alto de seus 89 milhões de eleitores os governadores do PSDB terão que ter essa pró-atividade. Os governadores do PPS, DEM e PTB, também. Afinal é cerca de metada da população brasileira. Terão? Se tiverem, em quais bases?
É mudar a prática política ou correr o risco de ser pasteurizado.
Demetrio Carneiro
Fonte : Congresso em foco
Por Rudolfo Lago
07/09/2010
Levantamento das últimas pesquisas disponíveis mostra que PSDB lidera eleições para governador em sete estados, ainda que isso não pareça se refletir na votação de José Serra para a Presidência da República
Nas eleições passadas, já houve quem observasse que o eleitor é sábio. Parece evitar concentrar poder demais em apenas uma escolha partidária. De alguma forma, parece compensar as escolhas que faz para presidente com escolhas diferentes para governador, prefeito, etc. Nas eleições deste ano, pelo menos até este momento, tal observação parece pertinente. Se a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, abre larga margem de vantagem sobre seus adversários, com chance de liquidar a disputa ainda no primeiro turno, o mesmo não se verifica nas eleições para governador nos estados. Ali, a disputa é apertada. E até com alguma vantagem, neste momento, para o PSDB.
O Congresso em Foco analisou as últimas pesquisas disponíveis em cada estado para governador. Embora haja disputas apertadas e casos e empate, considerando-se apenas aquele que lidera em cada eleição, o PSDB, partido de José Serra, hoje é líder em sete estados. O PMDB, principal aliado do PT na chapa de Dilma, vem em segundo, liderando em seis estados. O PT é o terceiro, com cinco. E o PSB vem em seguida com quatro.
Nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais, lideram as pesquisas neste momento candidatos tucanos: Geraldo Alckmin e Antônio Anastasia, respectivamente. Em situações inversas. Embora ainda tenha grande vantagem, Alckmin perdeu terreno para o candidato do PT, Aloizio Mercadante. Em Minas, Anastasia ultrapassou o candidato do PMDB, Hélio Costa. O PSDB é líder também em Goiás, Pará, Paraná, Piauí e Roraima.
Em mais uma demonstração da força que deverá ter num eventual governo Dilma Rousseff, o PMDB lidera as eleições em cinco estados. O mais importante é o Rio de Janeiro, onde o governador Sérgio Cabral parece ter a sua reeleição garantida. Os peemedebistas lideram ainda no Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, e Tocantins.
O PT lidera em cinco estados: Acre, Bahia, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Sergipe. Com relação às pesquisas anteriores, a maior novidade é o Distrito Federal, onde Agnelo Queiroz, do PT, ultrapassou Joaquim Roriz, do PSC. É possível que haja aí alguma influência do avanço de Dilma. Mas o fato de Roriz ter sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral, já tendo perdido um recurso, parece influir mais. A propaganda de Agnelo tem informado sobre a situação de Roriz valendo-se de um texto em fundo azul, que mais parece um comunicado oficial. A estratégia parece surtir efeito.
Ascensão significativa deverá ter o PSB. Além de já praticamente confirmar as reeleições de Eduardo Campos em Pernambuco e de Cid Gomes no Ceará, os socialistas lideram em outros dois estados: Alagoas, onde Ronaldo Lessa passou Fernando Collor, do PTB, e Espírito Santo.
Parceiros
Se forem somadas, porém, as situações dos parceiros de cada candidato à Presidência, Dilma Rousseff tem vantagem. Os partidos aliados a ela lideram pesquisas em 17 estados. Os aliados de Serra em dez. O DEM, principal parceiro do PSDB na corrida presidencial, lidera apenas no Rio Grande do Norte, com Rosalba Ciarlini. O PPS é líder apenas em Rondônia. O PTB no Amapá. E o PMN no Amazonas.
As eleições que, de acordo com as últimas pesquisas, parecem mais definidas são: Acre (Tião Viana, do PT), Amazonas (Omar Aziz, do PMN), Ceará (Cid Gomes, do PSB), Espírito Santo (Renato Casagrande, do PSB), Pernambuco (Eduardo Campos, do PSB).
GOVERNOS POR PARTIDO
Partidos que lideram hoje eleições para governador
Aliados de Dilma – 17
Aliados de Serra - 10
PSDB – Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí ,Roraima, São Paulo - 7
PMDB – Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Rio de Janeiro, Tocantins - 6
PT – Acre, Bahia, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Sergipe - 5
PSB – Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco - 4
PP – Santa Catarina - 1
PPS – Rondônia - 1
DEM – Rio Grande do Norte - 1
PMN – Amazonas - 1
PTB – Amapá – 1