Palavras de Dirceu:
Publicado em 10-Nov-2010
É o mínimo que posso julgar, por enquanto, sobre essa operação, também chamada de "intervenção branca", em que a Caixa Econômica Federal (CEF) despejou R$ 2,5 bi no Banco PanAmericano, do Grupo Sílvio Santos.
As justificativas estão enviesadas, confusas, nebulosas, inclusive porque até o momento partem do próprio banco com uma nota em que justifica a operação em função de "inconsistências contábeis que não permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação patrimonial da entidade".
Como é que a CEF faz esta operação autorizada pelo Banco Central (BC)? Como é que a CEF comprou - ou se associou - o Panamericano e só agora descobre um rombo, uma fraude gigantesca de R$2,5 bi? Como foi possível tamanha maquiagem contábil? Onde estava o BC, nossa autoridade monetária e fiscalizatória máxima? Como ele autorizou a compra?
Estas são perguntas não respondidas até agora, que não podem calar e que continuarão vagando até que venham a público - principalmente o BC - e expliquem em detalhes tudo o que aconteceu.
Num dos comentários ao post acima, no blog de Dirceu, alguém pergunta se foi “fogo amigo”.
Certamente não foi neste sentido, embora toda a indignação de Dirceu contra o BC e não contra a CEF ou contra Lula, que certamente já sabia, mostre que há, de fato, um “alvo”.
Sendo fogo amigo ou não é fato é que foi uma tramóia cuidadosamente guardada à sete chaves para estouras apenas DEPOIS das eleições. Qual teria sido o peso desse novo escândalo jamais saberemos.
De uma forma ou de outra continuam as perguntas:
O eleitor imagina que se já existissem os tais “controles sociais da mídia” tão amados pela esquerdinha governamental essas notícias estariam circulando?
Houve claramente um crime. O empresário e amigo do Rei, Sílvio Santos irá responder judicialmente por ele?
A presidente da Caixa tem como permanecer no cargo? E, mais, tem como fazer parte do grupo que irá, na prática, intervir no PanAmericano?
Qual tipo de credibilidade tem o pessoal interno de auditoria da CEF agora? Não são eles que também fazem o controle das empresas que empregam recursos do FGTS? Esse controle é feito no mesmo estilo do PanAmericano? O Programa Habitacional é confiável?
Quem são as empresas privadas contratadas para auditar o PanAmericano?
Como elas foram escolhidas?
Elas responderão judicialmente pelos prejuízos ao erário público?
Para o quê exatamente a Caixa precisa competir com o sistema de participações do BNDES? ´
É verdade que o recurso do Fundo Garantidor é dos bancos, mas os quase R$800 milhões que a CEF gastou para entrar nesta canoa furada caíram do céu?
A “normalidade” ficou instaurada quando o Fundo Garantidor sacou os R$2,5 bi?
O BC acha mesmo que um banco do porte pequeno, para uso doméstico do grupo Sílvio Santos, iria mesmo “abalar” o sistema ou o BC não pediu a falência do banco porque a CEF é sócia?
Não abalará mais saber que o BC não estava preocupado exatamente com a saúde do sistema bancário, mas com a saúde da cúpula, petista?, da CEF?
Deve ter mais uma centena de perguntas em aberto.
O governo Dilma irá começar muito mal. Obviamente, sem um sistema de Conselhos Sociais de Defesa da Inocência Popular Contra a Mídia Maldosa da Burgueia Opulenta, ou CSDIPCMMBO, que faça sumir no ar essas questões, certamente elas chegarão à janeiro e permanecerão.
Um governo que irá iniciar com o passivo da ex famiglia-amiga Erenice.
Vai ter que explicar como a tal secretária conseguir passar pela ABIN e ser escalada para a equipe de transição.
Agora vai ter que lidar com um processo, CEF/PanAmericano, mais furado que queijo suíço.
É. O Dirceu tem mesmo é que ficar irritado.
Como diz a canção: Há algo errado no paraíso.
Demetrio Carneiro