Diferentemente da Europa ou mesmo dos EUA a questão local no Brasil tem viés diferenciado.
Naqueles países a construção da federação e o próprio pacto federativo de deu a partir do local.
No caso brasileiro, já na colônia e mais tarde na república a questão local foi tratada como um risco concreto à unidade nacional. Não podemos dizer que a concessão constitucional quanto a autonomização dos municípios seja exatamente resultado de uma “consciência histórica” sobre o local quando foi muito mais uma questão prática de recursos para manter estruturas de poder local. No final do dia e mais de 20 anos após a CF88 qualquer balanço sobre “avanços” nessa questão não conseguem dar uma dimensão global tão otimista.
Daí imaginar que a questão de Poder Local, no seu lado concreto que é o Desenvolvimento Municipal, seja sustentável nos municípios isoladamente é uma utopia.
De um ponto de vista bem prático ou pensamos numa ampla rede de apoiamento mútuo nos diversos âmbitos regionais e intra-regionais, rede formada na lógica da cooperação, interação saudável, troca de experiências de gestão executiva, parlamentar e no âmbito do movimento social ou estaremos condenados a ficar discutindo nos próximos cem anos por qual razão as coisas não acontecem. Como de fato elas não estão acontecendo.
Está na hora de debater o papel do regional na realização do desenvolvimento municipal. Registrando que este é um dos debates que não se faz. Mesmo na academia.
Demetrio Carneiro