A festa da gastança keynesiana parece que vai chegando ao fim.
A cada nova situação vai ficando claro que a saída da crise não apontava e não aponta para o gasto público/estímulo da demanda agregada como única solução possível para a crise.
Desconsiderar a confiança e a percepção dos agentes, imaginando nisto uma lógica neoliberal.
“Esquecer” que na raiz de tudo estão hábitos de consumo insustentáveis.
Não ter em vista que os recursos públicos são um ‘saco com fundo” e que a fatura sempre aparece.
Nada disso foi levado em conta.
Apenas história, ação e reação: Deu certo antes, tem que dar agora.
Abaixo, tradução livre, um post do Zero Hedge abordando a questão, insustentável, do dólar americano, o quadro mundial e a reunião do G-20.
Interessante cotejar a avaliação com a percepção que passa pela mídia nacional e está na lógica de muitos articulistas e acadêmicos nacionais.
Demetrio Carneiro
O G-20 e o dólar
Foi uma semana terrível na terra dos euros. Os spreads das obrigações gregas caíram 10%. A reestruturação não pode estar muito longe. Eles estão realizando um “teste de esforço bancário” (1) que parece ser uma piada. Os resultados excluem o risco soberano. Exatamente onde reside o risco. O Euro deve ter sido golpeado tendo isto como pano de fundo. Se fosse no mercado teria sido a um mês atrás.. Mas não esta semana.
Alguns gráficos sobre as maiores reservas de moedas em relação ao dólar americano:
O dólar tem sido apoiado de forma significativa desde a primeira semana de junho. Alguns diriam que a Cesta está sofrendo apenas alguma indigestão após um grande movimento num curto período de tempo. Um bom exemplo pode ser o Euro 10-15% mais baixo do que é hoje apenas nos fundamentos. Mas não é isso que os fatos estão nos dizendo.
As moedas têm duas funções. Elas são um meio de troca para ajuste do comércio internacional e das finanças. Todas as moedas em reserva fazem um bom trabalho nessa função. O outro papel de uma moeda é ser um estoque de riquezas. Ainda não está claro para mim se qualquer uma das mais importantes moedas mais importantes cumpre bem esta finalidade.
Com o passar do tempo coisas como os desequilíbrios comerciais e os déficits em conta corrente são fatores determinantes na fixação das taxas de câmbio. No curso de um mês, dado essas influências, a forma como as taxas são definidas não tem quase nada a haver com isso. No curto prazo, tudo se trata de percepção.
Eu vejo os E.U.A. perdendo a batalha da percepção. Com todos os problemas no Reino Unido e da UE, pelo menos, os governos estão a tentar resolver o problema fundamental dos desequilíbrios orçamentários. Mesmo a Alemanha está tendo problemas. Isso, provavelmente, vai revelar-se o beijo da morte para a Grécia. Mas uma falha da Grécia não é por si só, o beijo da morte para a Euro.
A reunião deste fim de semana do G20 pode nos dar algumas pistas sobre a questão da percepção. Vejamos algumas linhas principais de enfrentamento. Obama e Geithner estarão empurrando na direção de um pacote para o crescimento. É provável que alguns dos outros países apontem o polegar para baixo, nesse assunto, ao E.U.A. América vai ser o único grande país que se deixou continuar no caminho da insanidade fiscal.
O comunicado final vai ter uma conversa agradável sobre a coordenação global e um grande "obrigado" a China por ter reforçado a ação e ajustado a sua política cambial. Nos bastidores, ela será menos amigável. Alguns países tentarão punir as escolhas devassas dos E.U.A. Ninguém na reunião estar realmente satisfeito pela a China ter reajustado a sua taxa câmbio em relação ao dólar com um mísero meio por cento como um ingresso para o show.
Se os E.U.A. poderá ser apresentado como " um modelo de como não fazer as coisas" ou se estaremos recebendo alguns comentários irritados de um ministro das finanças ou dois veremos isso no mercado de câmbio no domingo à noite. A única coisa que ninguém estava pensando era ter no verão de 2010 num problema com o dólar. Essa é provavelmente a melhor razão para que isso possa acontecer.
(1)Nota de esclarecimento- Os testes de esforço constituem ferramentas de gestão de risco utilizadas no âmbito da avaliação e gestão de risco das instituições, cuja utilidade consiste num melhor entendimento do seu perfil de risco. Em particular, os testes de esforço devem desempenhar um papel de relevo no planejamento do capital interno e da liquidez, de modo a assegurar a capacidade das instituições para absorver choques adversos.