sexta-feira, 20 de julho de 2012

PRÉ-SAL: O ELIXIR MILAGROSO DO DR. LULA

Lula vendeu Brasil à fora seu elixir milagroso. Era a fonte de nosso orgulho e a garantia de nosso futuro. Bem, ao menos foi a garantia do futuro do projeto petista e deu uma boa força para a eleição de Dilma. 

Fartamente usado em 2009, a pré-campanha de 2010, serviu para mostrar que se havia um crise, fatalmente mais à frente ela desapareceria pela mágica do Elixir. Com mil e uma funções ele poderia, inclusive, prover o investimento que o Estado não consegue fazer, ocupado que está em empregar e gastar no dia a dia, construindo ai um projeto de poder. Como também não interessa ao governo a trabalheira de criar mecanismos institucionais de promoção de poupança das famílias, já que a ordem é gastar até o que não pode, como a segurança institucional para as empresas investirem não entra nas contas, o Elixir teve e tem ai também seu papel. 

De solução universal e explicação para tudo o mundo real vai transformando o Elixir em estelionato. Mas isto não é novidade. O Elixir milagroso do Dr. Lula nunca seria diferente dos outros elixires vendidos pelo mundo à fora por outros tantos impostores. Elixir milagroso compra quem quer e o incauto eleitor despolitizado comprou por que quis acreditar nas promessas de um futuro fantástico onde o Brasil se alinharia com as maiores potências do planeta, mas diferentemente delas seria uma potência justa com todas e todos. Não faríamos como outros países que ou entregaram sua riqueza e seus ganhos à grandes empresas ou outros ainda em que as Elites se apropriaram de todos os resultados. Convenhamos que o discurso era muito bonito, mas também sabemos que os doutores charlatões são muito bons de lábia.

A coisa pegou até agentes políticos mais esclarecidos e pudemos presenciar uma verdadeira guerra entre estados e municípios por um ganho virtual, posto lá no futuro, como se fossa algo que existisse hoje. 

O esquema começou a expor suas fragilidades com o desabar do valor das ações de Eike, amigo do Rei, Batista, devido à baixa produtividade do poço explorado. Logo foi para os relatórios técnicos da Petrobras onde fica dito que tem mais água no Elixir do que o esperado, explicando a baixa produtividade dos poços da estatal.
Agora uma matéria do Financial Times "A euforia do petróleo brasileiro passou", faz uma análise bem pessimista obre o futuro do setor no Brasil e critica a falta de viabilidade econômica das reservas petrolíferas locais. A crítica fica centrada na excessiva ingerência do governo, somente quem fez parceria com a Petrobras se deu bem, e numa reação ao problema com a Chevron. Nitidamente é uma encomenda feita com a finalidade de defender os negócios da empresa, mas nem por isso deixa de tocar num ponto sensível que é a confiança dos agentes econômicos do exterior, que realmente não parecem tão ansiosos como se esperava anteriormente. Claro que essa queda da ansiedade tem raízes na permanência da crise , mas é bom não descartar que, mais uma vez, questões institucionais interferem também. Atitudes de estilo bolivariano têm seus impactos nas referências estratégicas de grupos que precisam investir milhões de dólares ao longo de muito anos seguidos. Diferentemente do automóvel, suas cadeias produtivas são sócias permanentes do Capitalismo de Estado brasileiro, o petróleo sempre foi um tema politicamente sensível e aqui o Estatuto da Propriedade pode ser bem fluído. 

A célere entrada da Venezuela para o Mercosul tem como uma boa explicação o desmonte do Estatuto da Propriedade naquele país gerando um intenso processo de desindustrialização pela via da desconfiança dos agentes econômicos. 

Enfim e por tudo parece que o governo tão poderá mais contar com seu Elixir milagroso para arrebanhar corações e mentes, mesmo que Dilma continue lançando navios e plataformas ao mar.

Convém ainda um último registro: Interessante observar que muitos poucos, durante os momentos de euforia pré-sal se preocuparam com a qualidade da proposta que em si mesma é um aprofundamento do modelo de alto consumo de carbono, justamente na contramão de todo o debate ambiental atual. 

Demetrio Carneiro