Do alto do estádio inglês Dilma manda seu recado: se demitirem não tem mais regalias...Tem sentido, afinal o ponto principal desse governo é manter empregos a qualquer custo. Foi com esta finalidade que se fizeram as mudanças econômicas mais marcantes no primeiro ano de governo.
As regalias, já sabemos, destinaram-se a a compensar a perda de competividade das filiais brasileiras componentes das cadeias produtivas com origem no Centro. As ações feitas em nome da indústria nacional parecem ter perdido a percepção sobre onde se dá o lucro, quem controla o conhecimento, nessas cadeias globais. Enfim, embora os empregos quantitativamente sejam gerados em suas maior parte no setor de serviços, supõe-se que a indústria de veículos é um polo dinâmico etc...Gera o que o governo quer: empregos. Talvez o setor não seja exatamente um driver no assunto, mas dá mídia.
Enfim a perda de competividade se daria pelo real apreciado. Agora que o real parece estar até sobre-apreciado, ainda assim o discurso permanece e as regalias continuam. O lado irônico é que absolutamente não há perda de competividade. Ou melhor competividade perderam todas as manufaturas do planeta. Globalmente, entre 2007 e 2011, os manufaturados foram corrigidos em 14%. As commodities em 35%. Vistas as exportações brasileiras o que se percebe é que estão alinhadas com um fenômeno internacional dado pela combinação entre crise no Centro e crescimento das economia da Semi-Periferia. O preço dos produtos manufaturados caiu e o preço das commodities subiu.
É bom Lembrar que esse fenômeno é o principal responsável por uma profunda e histórica inversão no fluxo de renda entre Centro e Semi-Periferia. Essa mudança do fluxo é a responsável por todo um processo de sustentação do crescimento da Era Lula e do período de governo de Dilma. Agora o que veio para o nosso bem é visto como o nosso mal. A queda do preço relativo das manufaturados vira desculpa para dar as regalias.
Quando Dilma deu a ordem unida sua esperança certamente é que o setor da indústria automobilística faça o que a economia parece teimar em não fazer: manter os empregos. Será que o Estado pode tudo mesmo?
Demetrio Carneiro