quinta-feira, 26 de julho de 2012

A CARACTERÍSTICA DA CRISE

Tendo esgotado seu repertório no plano federal, e possivelmente já de olho nas eleições de 2014, o governo agora se prepara para o que se chama de Agenda do Desenvolvimento Regional, aplicável em 2013. Parece que o governo central considera que os governos estaduais não têm projetos interessantes o suficiente e resolver dar uma ajudinha.

Como sempre o BNDES será o canal da mágica desenvolvimentista. Como sempre o banco irá receber recursos liberados por uma MP autorizando que o Tesouro emita dívida pública. Certamente dirão que a queda da taxa básica da economia, comandada por Dilma, abriu espaço para mais dívida sem sacrificar o custo total. Claro que isso está ligado a previsão de um cenário otimista de recuperação da economia e numa visão de que a taxa não voltará mais a patamares mais elevados.

Como sempre o controle do pacote, a sua execução, fica nas mãos gentis e bem intencionadas do governo central. Não é muito difícil imaginar que, disfarçado de justiça regionalista, o foco vai estar endereçado à base eleitoral da coalizão e que as propostas vão girar entorno do feijão-com-arroz federal. 

É assumir, como sempre, que o desenvolvimento é factível e viável como uma única vontade do Estado que tudo pode e que o agente político faz cálculos perfeitos e interessados apenas no bem comum...

Não deveria haver nada de errado neste súbito interesse. Não era para haver, não fosse a repetição dos mesmos elementos que não nos levam a ver o futuro com tanto otimismo: O imediatismo eleitoral. Essa é um pouco a característica da crise atual também. Emparedado numa eterna busca de votos de confirmação do poder, entre ciclos de dois anos, o governo é incapaz de atitudes mais compromissadas com mudanças institucionais de longo prazo essas sim capazes de semear o futuro. 

Jogado assim o jogo não é de duvidar que nosso crescimento futuro venha a ser medíocre.

Demetrio Carneiro