terça-feira, 31 de julho de 2012

EUROPA: ENTRE A INFLAÇÃO E O DEFAULT

A marca da crise européia é a absoluta vontade do eleitorado de não abrir mão de seu padrão de vida. Os Estados-Nação responde muito mais a seus eleitores do que a lógica de equilíbrio de grupo.

Por conta disso o Banco Central Europeu assumiu a lógica do dinheiro fácil do QE, quatitative easing, de inspiração americano-obamista, digamos.

Basicamente trata-se de criar mais dívida pública para...poder dever mais. Afinal a crise bancária tem origem na incapacidade dos Estado-Nação garantirem as suas dívidas públicas.

Evidentemente em algum ponto do futuro a estratégia de liberalidade fiscal vai virar inflação ou trambique dos governos, default se acharem mais educado. Ou ambos. 

A atual situação para nós envolve todo interesse. Com o aparente esgotamento da estratégia de crescer via expansão do crédito pessoal somada a uma aparente ineficiência dos instrumentos fiscais de gasto e renúncia voltamos a atenção para a nossa porta de entrada do processo que envolve a relação de trocas com o exterior.

O fluxo de riquezas ainda continua a nosso favor. Contudo agora se adiciona um elemento perverso do processo. Da mesma forma que o menor preço relativo dos manufaturados nos fortalece na diferença de trocas com as commodities nas exportações, o menor preço relativo é um arrastro a carregar nas exportações e vem afetando fortemente as indústrias. Por não ser exatamente uma questão de concorrência, mas de queda da demanda universal, as medidas protecionistas não conseguem obter muitos resultados. Para começar a funcionar seriam necessárias mudanças profundas e elas não estão no radar do governo.

Certo. O problema na porta de entrada é que a demanda por commodities é resultado da demanda mundial, incluindo a demanda européia. Se lá na frente se aponta uma nuvem negra pairando sobre a Europa e se a expansão do mercado interno tem restrições, então de onde virá a retomada prevista para o segundo semestre?

Demetrio Carneiro