Oxímoro é uma ideia que contém elementos contraditórios. É o caso do conceito de desenvolvimento sustentável. A contradição fica por conta do termo "sustentável" ter implícita uma noção de permanência. Algo como desenvolvimento "infinitamente" sustentável.
Na relação entre a economia e os ecossistemas há uma relação de ida e volta, pois a economia impacta os ecossistemas ao mesmo tempo que é restrita por eles. Não há qualquer certeza de que o capital natural seja perfeitamente substituível pelos capitais humano e social.
Impacto, restrições e substitutibilidade imperfeita indicam a necessidade de posturas prudenciais. Dito assim o conceito de desenvolvimento sustentável não pode ser visto como uma licença que nos libera de responsabilidades. Já está mais do que evidente que os fatos vão além das intenções e os fatos deixam bem claro que o crescimento populacional multiplicado pelo crescimento da renda, dentro do atual caminho da economia do carbono, é um beco sem saída. Mas os fatos também evidenciam que o crescimento ele mesmo precisa ser rediscutido devido aos potenciais impactos da produção e do consumo, mesmo em uma "economia verde".
O nexo automático entre crescimento e qualidade de vida, como forma de melhoria das inequidades, quem tem sido o motor de toda uma proposta desenvolvimentista precisa ser discutido.
A Rio +20 poderia ser o palco de um debate importantíssimo, mas corre o risco de ser apenas um evento midiático.
Demetrio Carneiro