quarta-feira, 25 de maio de 2011

PASSEIO PELA FALTA DE MATURIDADE DA OPOSIÇÃO BRASILEIRA

Nós dois posts anteriores ( O mundo multipolar... e Os pontos nevrálgicos... ) apresentamos questões internacionais e atuais que nos parecem relevantes. Agora vamos tentar uma lógica que indique qual papel a oposição pode assumir neste debate. Meu ponto de partida é que a oposição brasileira se comporta de forma desorientada e pouco madura. Incapaz de perceber as rápidas mudanças que vão ocorrendo no campo internacional e seus profundos reflexos na situação interna nacional, ainda vem insistindo que o problema principal está no jogo parlamentar jogado num cenário de análises eminentemente conjunturais e pontuais, uma espécie de guerra de posições parlamentar. Evidentemente não estou negando o papel do debate parlamentar e sim a sua priorização absoluta frente a outros temas igualmente importantes. Enfim é a questão das escolha.

Frente a um modelo de desenvolvimento que pode estar se esgotando e às vésperas de um novo modelo que não está ainda claro, este jogo, que se trata fundamentalmente de pura tentativa de ficar acima da linha d’àgua, é inconsistente e nitidamente insuficiente.

Do lado do governo as fortes mudanças que estão ocorrendo viram elemento de legitimação sem que a oposição seja capaz de articular lé-com-cré, refém de suas escolhas atuais.
A teoria do sistema-mundo fala em três grupos de países: Os do centro, os da periferia e os da semi-periferia. Olhando assim o Brasil seria um país de semi-periferia em trânsito para o centro, como parte do grupo emergente dentro do fenômeno do mundo multipolar que vai se desenhando.

A semi-periferia pode ter relações diferenciadas a cima e abaixo. Acima pode ter relações de dependência e subordinação. Abaixo pode ela gerar relações de dependência e subordinação. Mas nada impede dentro da própria semi-periferia que as relações entre semi-periféricos sejam também relações de dependência e subordinação.

Ou estamos falando de outra questão, talvez de uma relação simbiótica bem horizontal onde ambos parceiros se beneficiem? Certamente os termos de troca é que indicarão que relação é esta. A direção do fluxo de riquezas é que dirá qual é a relação.
Essas questões de transição para o centro ou de posição atual dentro do sistema-mundo ou de relações dentro do grupo emergente são centrais para uma compreensão mais clara sobre nosso futuro e deveriam estar no centro do debate das oposições, pois não são apenas elementos de mídia, são eventos concretos que marcarão com profundidade os próximos anos.

Vamos insistir que o atual modelo de desenvolvimento não responde de forma eficiente às demandas e que esta ineficiência poderá nos colocar à reboque de um processo de mudanças para o qual não estaremos preparados enquanto nação e poderemos ser incapazes de aproveitar as melhores oportunidades conforme se apresentem. 

Existe ai um amplo campo de debate e proposições concretas a ser explorado pela oposição. 
Há também um enorme desafio em estabelecer como esses dilemas podem ser transmitidos ao eleitor mediano. 
A agenda na realidade está repleta.

Demetrio Carneiro