terça-feira, 2 de outubro de 2012

ESCOLHAS ENTRE SER EQUILIBRISTA E SER ESTADISTA

Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, "Dilma erra" o senador (PDT/DF) Cristovam Buarque faz uma interessante comparação entre o ser "equilibrista na crise econômica do presente" e o ser "estadista para fazer o Brasil estar em sintonia com a economia do futuro", seguindo a lógica equilibrista "pouco ou nada tem sido feito para transformar o Brasil numa nação inovadora". Comenta o senador ainda "ela erra como estadista por não estar acenando e liderando o país para uma inflexão histórica no longo prazo: transformar o Brasil numa sociedade moderna e com competividade científica e tecnológica com um modelo de crescimento estruturalmente distributivo e em equilíbrio com o meio ambiente".

Claro que num pequeno texto não dá para colocar tudo, mas o senador se poupa de comentar que o motivo da escolha de ser "equilibrista" a não "estadista" está na lógica de poder voltada para os resultados imediatos e uma plataforma de poder apoiada no crescimento real da renda do que chamam de "classe média emergente". Enquanto render votos este modelo político-econômico permanecerá imutável. 

Outra questão do discurso do senador não esclarecida é que não havendo chande alguma de distribuir renda por decreto presidencial, a única possibilidade está em fazer funcionar os mecanismos que de fato interveem na distribuição de renda: formação de Capital Humano. quesito, entre outros, onde somos especialmente ruins e talvez venhamos a ficar piores conforme o bônus demográfico for se confirmando.

Para finalizar: concordamos que "a qualquer momento, se um vento do norte balançar a corda, o equilíbrio se desfaz...". Contudo deixamos como sugestão que o senador avalie em seu próximo artigo o fato de a China, que não é do "norte", está se tornando, historicamente, ao mesmo tempo nossa principal importadora e nossa principal exportadora. Isto certamente tem riscos potencial não para desequilibrar, embora até possa, mas para criar a mesma relação de dependência que já vivemos com portugueses, ingleses e americanos. A posição geográfica em relação os polos não fará muita diferença. Aliás nesse quadro é até interessante acompanhar o debate entre os governos brasileiros e americano quanto à questão do protecionismo brasileiro. Até por serem os americanos atualmente os nossos maiores importadores...

Demetrio Carneiro