Relembrando que o Trilema de Dan Rodrick, que na realidade é sobre a governança mundial e seus limites, fala da impossibilidade de alinhar Globalização Econômica, Estados-Nação e Democracia, tanto no sentido da comunidade das nações ser capaz de decidir, por maioria dos países, que outros países sigam uma certa rotina, quanto no sentido de a maioria da população local de um Estado-Nação ser submetida a esta decisão quando ela afeta para pior seu atual bem estar.
A postura do governo francês com as minorias, no caso da burca, e com os imigrantes, no caso do endurecimento com o ingresso de nossos imigrantes, a postura húngara modificando a sua constituição para uma leitura fortemente nacionalista e autoritária, a posição filandesa de possível negativa a apoiar os planos de resgate de membros da Comunidade Européia, vão indicando que o Trilema de Dan Rodrik vai se confirmando e que a solução se dá em favor da confirmação da autonomia do Estado-Nação, cumprindo o papel de defesa das populações locais quanto ao que elas imaginam ser seus legítimos direitos ao bem-estar, em detrimento da coordenação de esforços da comunidade de nações.
Na medida em que a saída real da crise precisa se dar no acerto consensual vamos lentamente nos movimentando na direção da instalação de um possível cenário de permanência prolongada da crise no palco europeu.
Crise e nacionalismo nunca costumaram ser bons companheiros da democracia e da paz.
Demetrio Carneiro