Fora do espaço da política há um intenso debate sobre a percepção/avaliação do governo Dilma na condução da política econômica. Podemos mapear o debate em, pelo menos, três diferentes questões:
O quanto continua ou descontinua as propostas anteriores?
Debate do uso contínuo, e pouco flexível, do estímulo à demanda agregada.
Qual exatamente é a resposta que se dará ao fim da época de ouro do crescimento mundial?
Ai o debate do piso do PIB ou da noção mais liberal de variação dentro da banda em detrimento do foco no alvo.
Como se utilizarão as novas oportunidades nos termos do excedente de capital estrangeiro disponível?
O dilema da política cambial e o conceito de piso mínimo para a apreciação do real.
Em realidade a oposição formal dos partidos políticos é incapaz de reverberar estes temas.
Agora temos a divulgação da pesquisa CNI/Ibope trás o lado da percepção da população.
Pelo que se vê oposição continuará emparedada pelos altos índices de aceitação do governo, sem saber como lidar com isso.
Seja por absolutizarem o fato de que essa percepção se constrói sobre uma base objetiva que é a percepção geral de que "agora está melhor que antes", o que é verdade.
Seja devido a uma base subjetiva trabalhada pela massiva propaganda. É o tal governo midiático apoiado num esquema de militância. Estes últimos são os defensores avulsos do governo. Alguns interessados, mas outros realmente ideológicos.
A oposição "perde" na avaliação objetiva por que é incapaz de mostrar que "pode fazer melhor" e, certamente fazer melhor não é ser contra o aborto, por exemplo. Mas também perde na base subjetiva, pois não tem ponto de partida propositivo para a contra-propaganda e não tem capacidade de militância, seja interessada ou seja ideológica.
De concreto a oposição está sob o rolo compressor governamental e impossibilitada de maiores movimentos, o que, de alguma forma, é um processo de hegemonização da política. A confirmação do antigo projeto petista. Qual mal a ausência de diversidade trará ao nosso curto processo democrático ainda descobriremos no futuro.
Demetrio Carneiro