quinta-feira, 14 de abril de 2011

O APARELHAMENTO DO IPEA COMO UMA INVARIÁVEL

Quando Dilma assumiu o governo parecia haver uma certa esperança de que o IPEA fosse desaparelhado. Infelizmente não é o que ocorreu. 

A idéia original de criação do instituto seria criar um fórum e uma base acadêmica para o debate sobre o desenvolvimento. Geograficamente falando não será uma mera coincidência o instituto estar no mesmo prédio do BNDES, que seria o executor estatal do financiamento do desenvolvimento. Alguma coisa como: Um formula e o outro executa.

Infelizmente o IPEA foi capturado pela lógica nacional-desenvolvimentista e foi aparelhado para só pensar a partir da produção ideológica dessa proposta. 
De fórum o instituto passou a produtor das enganosas e artifiosamente acadêmicas peças de engenharia reversa onde, para efeitos de mídia, tenta-se fazer com que a produção acadêmica justifique o que é feito pelo governo. 

Agora, um passo atrás - um à frente e dois atrás...? -  na direção do aparelhamento final o instituto oficializa e leitura 100% ideológica: 
É o caso dessa afirmação que beira a acusação infantil - no sentido de Lênin sobre a doença infantil do comunismo - ao supor que a pressão do mercado, que no mínimo deveria ser vista como legítima, mas aqui é definida dramaticamente como "terrorismo", é capaz realmente de forçar a que se faça A ou B. 
Curioso que a "acusação" parta de pessoas que afirmam que o Estado pode e deve fazer tudo. Para eles o Estado é hegeliano e está acima de tudo e de todos, o agente público está acima do bem e do mal. 

Vista assim a denúncia de contaminação do Estado pelos agentes do mercado soa claramente como uma ação não acadêmica, mas intencionalmente política. 
O que não é pouco e coloca o IPEA como agente não de produção de propostas e análises de políticas públicas, mas de ação política e, certamente, partidária.

Enfim, não se avançou. Retrocedeu-se. Vamos ver ainda o quanto dá para retroceder nas questões de produção acadêmica.

Ipea admite pressão inflacionária, mas critica 'terrorismo' do mercado



Demetrio Carneiro