Vivemos nos últimos dias uma sequência de falas coordenadas:Meirelles, Delfim, o guru de Lula, Nelson Barbosa, membro da atual equipe econômica e, pelo que parece, da futura. Finalmente, Andre Singer, porta-voz de Lula. Todas as falas são na direção do papel das políticas de estabilidade econômica no desenvolvimento e da não-contradição entre responsabilidade fiscal e responsabilidade social. Ao contrário das afirmações de Paulo Singer, por exemplo, a responsabilidade fiscal não impediria a aplicação de políticas sociais eficientes.
A crise econômica trouxe à luz do dia todo um debate petista sobre quebrar a responsabilidade fiscal para obter mais implementação das políticas sócias. Aparentemente, com a candidatura de Dilma Roussef, esse grupo vinha ganhando exposição e força. O ponto de inflexão, ou ordem unida se quiserem, vem se dar num momento crítico que é a realização do Congresso do PT.
Em um outro post recente já havíamos comentado que o pragmatismo lulista percebendo a importância dos investimentos diretos estrangeiros, face a impossibilidade de poupança interna, acabariam levando o governo para a linha de defesa das políticas de estabilidade econômica. Que era exatamente o que o Meirelles havia acabado de mencionar numa entrevista no dia do post a que me refiro.
Resta ver como a esquerda radical vai assimilar o golpe no fígado. Talvez tenha sido para satisfazer os “conselhistas” e minorar as críticas que a proposta do conselho de controle social da mídia tenha passado.
Da entrevista de Nelson Barbosa e da nova mística econômica que ele tenta criar – agora pela primeira vez na história do país a responsabilidade fiscal fica a serviço da responsabilidade social e foi Lula o cara – falaremos ainda hoje. É importante perceber como essa mística esta sendo construída e o que exatamente ela visa. Na lista também está a entrevista de Delfin. É muito esclarecedora.
Para quem apostou que o debate econômico não teria qualquer importância o que está ocorrendo mostra justamente o contrário.
Demetrio Carneiro