segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

DILMA FORA DE SEU LEITO NATURAL

O “leito natural” a que Dilma parecia predestinada era recuperar o discurso petista pré-2002 deitando falas contra o neo-liberalismo que sustentaria a lógica da estabilidade econômica e ao próprio estilo de política econômica que é o modelo que viabiliza essa proposta.
Nos últimos meses esse discurso tem sido repetido à exaustão no arraial situacionista. Alguns mais apressados como Paul Singer já chegaram até a comemorar o início de uma nova era.

O discurso pró estabilidade não se tratou apenas de uma lógica de oportunidade que viu nas falas da oposição política uma brecha, um flanco aberto.
Havia uma clara questão de confiabilidade e Dilma soube se posicionar rapidamente.

Mais que isso, houve também a compreensão de que os investimentos diretos estrangeiros – IDE terão que fazer parte de qualquer projeto de desenvolvimento futuro, frente a impossibilidade de financiamento pela poupança interna.
De forma paradoxal o +Estado, na medida em que inviabiliza a formação de poupança interna, só se sustenta com a poupança externa financiando. Uso do sistema bancário público para alavancar o crédito, Pré-Sal, Copa, Olimpíada. A fila de demandas é grande.
Poupança externa a preços razoáveis não se conquista com bravatas bolivarianas e sim com estabilidade econômica. O que parece um paradoxo é uma solução. Claro que exportação qualificada também é, mas é bem mais complexo, então prudentemente, até segunda ordem, Dilma é pró estabilidade.

Demetrio Carneiro