Logo no início de todo esse debate sobre a crise econômica chamávamos atenção para duas questões que nos pareciam e os fatos mostraram que são importantes:
a) Qualquer recuperação da economia dependeria da confiança do consumidor. Muitos economistas achavam que esse era um problema superável desde que se despertasse o “espírito animal” de cada um de nós. A fórmula mágica seria injetar na economia recursos via governo;
b) Como decorrência alertávamos que essa conta, que nos parece difusa e etérea por falar em números fantásticos (40 trilhões de dólares, por exemplo), sempre cai no colo do contribuinte.
Pelo que se vê a expansão da dívida pública nos países desenvolvidos da Europa segue em ritmo acelerado, tendo crescido nos últimos dez anos de duzentos para trezentos e trinta por cento do PIB. Existe todo um debate sobre o quanto um país pode dever e o termo de referência é o PIB. Muitos economistas defendem que isso é determinado pela real capacidade de pagamento. Muito bem, mesmo que o custo de captação para esses países seja bem menor que o nosso custo, um número de trezentos e trinta por cento sobre o PIB certamente compromete a capacidade de poupança interna, mais tributação, e comprometendo a capacidade interna compromete o crescimento econômico. Isso nós conhecemos bem.
Ao contrário do que sempre quiseram fazer parecer não há soluções fáceis. Leituras lineares sempre são leituras interessadas.
Demetrio Carneiro