segunda-feira, 25 de junho de 2012

PIB BRASILEIRO SEGUE LADEIRA ABAIXO

O jogo é pesado na Europa. Alemães estão conscientes de que uma Eurozona desalinhada no sentido fiscal é inviável, conforme fica claro. Agentes políticos dos Estado-Nação são vulneráveis em sua busca de sobrevivência e, principalmente na crise, não têm qualquer intenção real de se alinhar ao equilíbrio fiscal já que os eleitores querem é mais recursos públicos. Nesse contexto querer mais recursos públicos é buscar mais dívidas, o que é buscar mais desalinhamentos. Não será para agora a recuperação da Europa. 

Nesse quadro a China e todo o resto da economia asiática se ressentem. Sofre a economia americana, que não é mais tão isolada e autônoma quanto era décadas atrás. E, claro, os efeitos chegam por aqui.

Se a bolha de crédito pudesse crescer infinitamente estaríamos no melhor dos mundos. Protegidos, em boa parte, do resto do nosso derrapante planeta. Dilma poderia mesmo repetir Lula e dizer que somos a liderança nova do mundo. Mas a bolha se recusa a ser controlada por decreto presidencial. É pena. Soluções de curto prazo são exatamente isto: soluções para o curto prazo.


Apesar de Mantega espernear e Dilma fazer-se de autista a nova pesquisa Focus acaba de marcar mais um recuo na expectativa "de mercado" do PIB/2012 de 2,30% para 2,18%. Seguimos na direção de um PIB abaixo de 2%. Houve recuo também para 2013, de 4,25% para 4,20%. 
Claro que a leitura sempre pode ser uma conspiração coordenada da banca capitalista destinada a interferir negativamente na expectativa dos agentes econômicos. Este pensamento daria um bom post nos blogs chapa-branca. 

Embora esses números ainda não tenham afetado o nível de emprego é bom reconhecer que as pesquisas tratam do emprego formal e não mostram o que pode estar ocorrendo na área do emprego informal muito mais reativo às flutuações de demanda. Se o mercado informal corresponde à quase metade da economia brasileira como se diz, pode ser que a atividade econômica precise de outros parâmetros para ser melhor avaliada.

Seja como for a Serasa Esperian trás mais números. O governo comemora o crescimento da atividade econômica de maio sobre abril, já excluídas as sazonalidades. Esquece de olhar o conceito de trimestre, mais sólido para pensar em tendências. O trimestre fevereiro, março, abril, somou 1%. O trimestre março, abril, maio fechou com 0,7%. Uma queda que não autoriza muita festa. 

A vida segue independentemente dos sonhos.

Demetrio Carneiro