Um rápido comentário sobre o texto
Nesse ensaio Perkins não só vai à base do pensamento econômico de forma crítica, naquilo que se refira ao conhecimento e relevância do pensamento ecológico, reconstituindo as raízes desse pensamento dentro da economia, mas busca e apresenta fortes sinais de aproximação entre o pensamento econômico ecológico e o pensamento econômico feminista, sintetizado naquilo que ela chama de Economia Ecológica Feminista ou Feminist Ecological Economics.
Embora possa parecer um texto técnico na realidade é construído em linguagem bastante acessível para leigos na matéria e trás um grande volume de questões bem concretas a serem enfrentadas dentro de debate de gênero e na sua relação com os “temas da moda” como sustentabilidade, a partir de um enfoque ecológico.
É um olhar inesperadamente micro para espaços fora da economia formal - economia formal que tem sido desde sempre o olhar principal do feminismo mais convencional, voltado para as questões do mercado de trabalho, por exemplo - abrindo novas perspectivas de estudo, debates, pesquisas e certamente estimulando e sugerindo novos formatos de ação prática ao movimento feminista.
“A Economia Ecológica Feminista - EEF fornece os argumentos teóricos e o ímpeto para revisar as prioridades de pesquisa por parte de qualquer um(a) que trabalhe dentro da lógica da sustentabilidade ou com as contribuições econômicas da mulher. Isso envolve repensar o papel econômico da mulher não apenas na economia formal, mas também no lar e na infraestrutura comunitária que apoia e mantém a economia formal.
Dado que tais recursos para a pesquisa social e esforços voltados para a ação são limitados, quais seriam então os tópicos prioritários de pesquisa indicados pela EEF?
O exame empírico do valor do trabalho doméstico é importante, naturalmente a importância primária do trabalho doméstico na sustentação da produção econômica precisam de maior documentação e descrição. Talvez a questão mais premente e inexplorada seja o papel de estrutura comunitária que permita a possibilidade de mudanças econômicas e o papel das mulheres construindo e mantendo a produção de comunidades.”
Acima um exemplo pinçado do texto.
Patricia Perkins é uma economista canadense, professora da Faculdade de Estudos Ambientais – Faculty of Environmental Studies – de Toronto, Província de Ontário. É mestre pela Universidade de Princenton e Doutora pela Universidade de Toronto. Uma de suas áreas de interesse é a questão da mulher, a ecologia e a economia. Já esteve aqui entre nós e tem três estudos focados na realidade brasileira:
A edição especial do the Canadian Journal of Latin American and Caribbean Studies on “Democracy and Public Participation in Brazil.” Papers editados da Brazil Chair sessions at the Canadian Association for Latin American and Caribbean Studies conference, Regina, Saskatchewan, September, 2006.
“
Pedagogies of resistance: community-based education for women’s participation in watershed management in São Paulo, Brazil. Canadian Woman Studies, Women in Latin America, vol. 27, no. 1.
2007
“Women and Participatory Water Management.” Co-autoria com Andrea Moraes. International Feminist Journal of Politics, Women and Water, Issue 4, Outono de 2007.
Não tenho dúvidas de que essa tradução livre poderá apresentar uma boa e qualificada contribuição aos debates atuais.
Demetrio Carneiro
Economia Ecológica Feminista