O caso Battisti continua sendo paradigmático na violação de diversas instituições nacionais. Parece que o grande terreno de embate tem muito pouco a haver com ele próprio, o personagem, e muito a haver com "quais instituições" pretendemos conservar nesse país e se o resultado final ainda será uma democracia.
O projeto vitorioso na urnas parece ter uma leitura toda especial que passa por excessões, meias verdades e segredos eternos ou supostamente provisórios. Há nesse grupo um evidente desprezo por tudo aquilo que não seja de seu imediato interesse e uma enorme facilidade em distorcer fatos e encontrar atalhos. Não parecem nada preocupados com o império da lei. Há uma forte e equivocada leitura que confunde princípios com mera burocracia a ser superada e um equívoco ainda maior daqueles que acreditam nessa leitura.
Tudo o que vem ocorrendo deveria servir de alerta, mas as preocupações são outras e cada episódio, embora dentro do mesmo processo, é visto de forma isolada, o que é sinal de uma cidadania alienada de sua própria essência que é a afirmação frente ao Estado. Talvez isto seja o pior de tudo, pois os espaços de atuação política jamais ficam vazios e a democracia é uma luta permanente. Não há meia democracia.
Demetrio Carneiro