sexta-feira, 23 de julho de 2010

VENEZUELA E COLÔMBIA: BRASIL NO FIO DA NAVALHA

A política externa brasileira não tem se pautado por atitudes muito confiáveis.
As negociações que levaram ao acordo entre Irã, Turquia e Brasil longe de serem o sucesso diplomático que o governo tenta fazer transparecer foram apenas o que delas se esperava: Mais uma jogada iraniana para burlar a tentativa de controle sobre a pretendida bomba atômica.
Nada satisfatórias também as aproximações e abordagens junto a diversos regimes autoritários.
Podemos lembrar ainda a participação na aventura hondurenha.

Agora, o problema chega às nossas fronteiras.
A decisão chavista de romper relações com a Colômbia e colocar o exército Venezuela em alerta, tudo a partir de uma acusação que se sabe ser verdadeira – a presença da farcs em território venezuelano – trás fortes razões de preocupação. Não é de agora que o regime autoritário de Chaves vem buscando algum “inimigo externo” com a finalidade de desviar o foco da grave crise econômica que se abate sobre o país. Também não será mera coincidência a ruptura de relações às vésperas da troca de governo.

Já circulam informações de que o Brasil estaria tentando afastar a crise da influência americana com a visão de “equilibrar” a disputa. Esta leitura é falha. Primeiro porque quem rompeu relações e mobilizou suas forças armadas foi a Venezuela. Em segundo lugar, Lula está muito longe de ser “neutro”.
Todas as falas de Lula, todas as ações da diplomacia brasileira, o própria presença das Farcs traficando drogas em território brasileiro, indicam que o Brasil caminha mais uma vez para brincar de aprendiz de feiticeiro e seria muito bom que o presidente lembrasse que ele também está muito próximo de deixar o cargo.

A solução do conflito entre Venezuela e Colômbia deve ficar exclusivamente nas mãos dos órgão multilaterais.

Demetrio Carneiro