Matéria publicada pelo Estadão e repercutida parcialmente pelo Blog do Noblat dá uma clara disposição do “fazer política” de nossa República de 1988.
Com base na proposta de Paulo Paim de retornar ao uso do salário-mínimo como referência para o pagamento de pensões e aposentadorias uma consultora da Câmara Federal, Sandra Cristina Filgueiras, produziu um estudo sobre o seu impacto nas contas da previdência. Chegou naquilo que obviamente todos já intuíamos: A Previdência acaba de quebrar. O déficit triplicaria imediatamente.
Obviamente o senador, como Dilma em sua proposta para a redução da carga tributária trabalhista, imagina que os recursos públicos caem do céu ou brotam no chão.
O argumento principal é corrigir uma injustiça com pessoas que toda a sua vida contribuíram para o sistema e agora são penalizadas por cortes em suas rendas produzidos especificamente para equilibrar as contas da previdência. Em algum momento retiraram a relação entre pensões e aposentadorias, em outro criaram o fator previdenciário etc.
O caráter de bomba-relógio das contas da previdência vem sendo exposto desde a criação do INSS em substituição aos antigos Institutos e tudo que se fez foi cortar de alguma forma direitos.
Divulgado o estudo o Estadão partiu para avaliar a repercussão. Evidentemente o senador e os aposentados imediatamente criticaram. Aposentados e suas entidades têm mais é que lutar por seus direitos, mas o senador e todos os seus apoiadores dentro das duas casas legislativas federais sabem perfeitamente que apenas uma profunda Reforma Previdenciária resolveria o assunto.
Como estamos em período eleitoral os políticos devem falar aquilo que o povo entenda, dizem seus marqueteiros. Entre a complexidade do debate da Reforma Previdenciária e a “oportunidade” de defender aumentos de pensão e aposentadorias é mais produtivo esquecer os fatos a adotar a fantasia. Até porque o custo só virá lá na frente, na forma de mais tributação.
Demetrio Carneiro