Há todo um estudo sobre as chamadas Falhas de Governo. Uma das mais badaladas e a falta de controle sobre os resultados das Políticas Públicas. Quer dizer, é fato que o gestor não controla todos os resultados das políticas que implementa.
No momento em que o governo decide usar o corte dos juros básicos como um instrumento a mais de Política Pública Midiática, vamos assumir que há a política pública para valer e a política pública para "inglês ver" há, é a meu ver, um perigosíssimo flerte com o abismo.
Estamos vivendo a glória do nacional-desenvolvimentismo. Dilma não faz nem melhor, nem pior do que Serra dizia que faria. fixou um piso de crescimento e relativizou o controle da inflação. No teto da meta ela oficialmente está "controlada". Agora cumpre sua promessa de campanha e, para o bem ou para o mal, reduzirá o juro básico da economia "no muque".
O nacional-desenvolvimentismo vive uma forte ilusão sobre ser isso que fazem "desenvolvimento" quando na verdade não se trata mais do que uma acomodação à nova distribuição de trabalhor e poder na economia internacional.
Hoje apenas confirmamos nosso papel periférico, agora com a China. Da mesma forma a ilusão com relação a criar um mercado interno a partir da concessão de crédito, sem criar possibilidades de renda sustentável e crecente. Espero que todos concordem que assistencialismo estatal não é renda sustentável e crescente...
Agora, satisfeitos em suas ambições estratégicas avançam sobre as escolhas dentro do debate distributivo. Já ajeitaram o gasto. Negado na teoria e executado na prática, a vida segue.
Ajeitaram o dilema entre controlar a inflação e gastar mais, não controlando a inflação.
Agora vão ajeitar o dilema entre custos da polkítica pública e juros, baixando por decreto os juros. É não tem outro nome. É uma forte crença entre os economistas nacional-desenvolvimentistas que os juros básicos do mercado podem ser controlados desde a vontade do gestor na Presidência e na Fazenda.
Resta ao Bc "fazer-o-que-seu-dono-mandar". Nosso problema é que não estamos numa brincadeira de crianças.
Delfim, o guro lulo-petista flertou com a inflação. Lembram que ele, além de aconselhar dividir o bolo depois, aconselhava que uma inflação de 1% ao mês era "saudável"? Bem, todo mundo ou lembra ou já leu aonde isso foi dar...
É de se imaginar que Dilma precisa muito de "novidades" agora que entregou, em nome da sobrevivência política, os pontos na luta contra a corrupção e o patrimonialismo. Não estamos frente a uma escolkha econômica, mas política.
Sem dúvida pensam nas políticas heróicas de JK no Plano de Metas ou dos genarais da ditadura do IIº PND, que remaram contra a maré e investiram onde o recomendável era recolher os flaps. Imaginam que a história sempre se repete e, certamente, já sonham com os discursos nas campanhas de 2012 e 2014. Vamos torcer para que estejam certos, pois se estiveram errados quem pagará a conta serão todos, mas principalmente o "povo" que eles dizem defender, pois períodos de alta inflação são especialmente maléficos `s baixas rendas.
Vamos acompanhar.
Demetrio Carneiro