quinta-feira, 25 de agosto de 2011

DESENVOLVIMENTO E SOBREVIVÊNCIA POLÍTICA

      Por trás dos discursos ufanistas e esperançosos do governo Dilma o que realmente há? Nesse governo, paralelo a um grau mínimo de preocupação com a crise que alcança os países do Centro, fala-se muito em janelas de oportunidade. Bem, basicamente para o governo essas janelas estão no forte ingresso de capitais externos e na alavancagem do mercado interno.

      Nada mais nacional-desenvolvimentista do que alavancar mercado interno. Mas nada mais ligado à sobrevivência política os políticos no poder do que manter a qualquer custo o ritmo de crescimento do mercado. Mesmo que para isso o conceito de piso mínimo de crescimento seja mais relevante que a possibilidade de Estabilidade da economia. O governo tem flertado com o abismo e aposta que os custos de romper com as políticas de Estabilidade serão fartamente compensados em 2012 e 2014. Não há outra explicação plausível para o que vai se descortinando a partir não do discurso errático, mas das ações concretas.

      Definitivamente entre um projeto de desenvolvimento auto-centrado e sustentável e uma política de fomento de mercado interno que garanta votos, a escolha está pelo lado da sobrevivência. Sendo assim que venha o capital para financiar não nossas potencialidades de desenvolvimento, focado na produção de conhecimento, mas nosso papel secundário de exportadores de commodities ou de produtores, por representação, de produtos manufaturados. Geradores de emprego concedido por cadeias produtivas controladas de fora. Criadores de oportunidades de lucro para outros.

       Os atores políticos no poder garantem seu futuro político ao mesmo tempo que nos garantem um próspero futuro como coadjuvantes dos processos que não são nossos. A ilusão nacional-desenvolvimentista é ilusão para quem quiser se iludir.

Demetrio Carneiro