domingo, 23 de maio de 2010

FATOR PREVIDENCIÁRIO E REFORMA

Agora que suas excelências trataram de sua questão eleitoral, aprovando o fim do fator previdenciário, talvez esteja na hora de se debruçarem sobre os mais recentes estudos demográficos que apontam para um expressivo crescimento da população economicamente ativa (PEA) nas próximas décadas.

É o chamado “bônus demográfico”. Nos países desenvolvidos a população economicamente ativa reduzirá ou estabilizará. No nosso caso teremos uma dramática mudança do perfil da chamada pirâmede populacional , com um crescimento acentuado da população acima de 19 anos.
O fenômeno ficará mais claro em 2020. Para frente e até 2050, o desenho da pirâmede sofrerá outra modificação que levará para a seção superior, digamos 60 anos em diante, uma carga de população trinta vezes maior do que a que havia em 1980.

Enfim, até 2020 a pressão sobre a previdência deverá reduzir, pois entrarão mais contribuintes. É mais ou menos como o mecanismo da despeza pública. Enquanto o PIB cresce a taxas altas o aumento da despeza não é muito perceptível. Ele fica evidente quando o crescimento perde o ritmo e a despeza se mantém por ter em seu componente a obrigatoriedade. De 2020 em diante a pressão sobre a previdência crescerá de forma bem acentuada e o déficit deverá crescer aceleradamente.

Como já se fala, se o país se preparar com políticas de qualificação de mão-de-obra e for capaz de produzir uma boa reforma previdenciária o bônus será real. Do contrário , mantido o atual modelo de subsídio de pensões a aposentadorias, somado à incapacidade de poupança prividenciária, o que teremos é um ônus.E dos grandes.

O mais curioso é que esta questão ainda não foi captada pelos programas de governo, embora tenha extrema imporância estratégica.

Demetrio Carneiro