Esclareço que participei da luta contra a ditadura militar do primeiro ao último dia, portanto me sinto inteiramente à vontade para o comentário que vem abaixo:
Quando, em um Congresso em plena clandestinidade, os militantes do Partido Comunista Brasileiro reafirmaram, num processo que começou em agosto de 1954, que abdicavam do conjunto de conceitos que envolvem o conceito maior de Ditadura do Proletariado e consideraram que a tomada violenta do poder não seria uma opção de luta política, os anos mais duros da repressão ainda não haviam chegado. Mais à frente militantes e dirigentes seriam presos, torturados e assassinados. Contudo, nem isto tirou o PCB de sua rota na luta democrática. Para todos nós a democracia já havia deixado de ser apenas um meio de fazer o jogo político. Ela era a própria finalidade do jogo político. Ali estávamos, todos que fizemos parte deste processo, reafirmando a esquerda democrática brasileira.
Naqueles momentos negros de nossa história os grupos que ainda se mantinham presos ao projeto da Ditadura do Proletariado e da tomada violenta do poder, definiam a esquerda democrática como revisionista, direitista, aliada da ditadura, entreguista e mais outras dezenas de rotulações fáceis.
O PCB permaneceu firme em seus intentos, articulou alianças e participou ativamente do processo de recondução de nossa nação à democracia. A esquerda radical partiu para a luta armada E FOI DERROTADA em seu projeto principal.
O afastamento de parcelas significativas da esquerda democrática do governo Lula teve como reflexo negativo a ocupação de espaços pelos oriundos da luta armada.
Derrotados nos campos de batalha a maioria dos ativistas da luta armada jamais fez uma verdadeira auto-crítica de sua aventura “revolucionária”, jamais reconheceram o erro que os levou a sacrificar dezenas de vidas. Na realidade se pretendem heróis de seu fracasso. Não são. Não falam em nome de povo brasileiro, jamais falaram.
São estes derrotados de ontem que agora querem ganhar no tapetão, ou melhor na pseudo ignorância presidencial, e desestabilizar um acordo consensual, QUE FOI AMPLAMENTE RESPALDADO PELA SOCIEDADE BRASILEIRA, a Lei de Anistia.
Utilizam a cumplicidade de Lula e a artimanha do Decreto por saberem que uma lei como está não passa no Congresso Nacional.
Desestabilizar com qual intenção?
O que pretendem de fato?
Quais as verdadeiras intenções deste grupo?
O Sr. Vannuchi se levasse a sério seu trabalho deveria é se preocupar com a absurda, orientada e interessada assimetria entre os benefícios concedidos por conta de Lei de Anistia.
Demetrio Carneiro