quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

NOVAMENTE O SPREAD BANCÁRIO



No meio do debate sobre o tamanho do spread bancário o Banco Central do Brasil divulgou informações que, basicamente, assinalam a sua queda, acentuada para as pessoas físicas, e a redução da taxa de inadimplência. A mesma fala projeta, ainda, para 2010, a retração da participação dos bancos públicos no mercado de crédito, a ampliação da participação do setor privado e principalmente, uma fortíssima expansão da participação dos bancos do resto do mundo.


A notícia repercutiu na mídia e foi destaque dos principais jornais brasileiros.


É conveniente observar que estas quedas pontuais do spread são exatamente isto: Quedas pontuais.


Com a economia recuperando seu ritmo é natural que haja recuo nos spreads, na taxa de inadimplência e na relação entre crédito público, privado e de bancos estrangeiros. Estes dados podem servir, no máximo, como indicadores da recuperação econômica.


A forte queda dos spreads do crédito ao consumidor, com recuo aos níveis do século passado não quer dizer que os níveis do século passado eram, pelo menos, razoáveis.


Os problemas do spread na economia brasileira são estruturais e só serão resolvidos com o aumento da competição entre bancos. Todos são unânimes em reconhecer a altíssima liquidez do sistema de crédito internacional. Ela não se reflete em nosso país pela simples existência de um oligopólio bancário, autorizado e estimulado pelo governo brasileiro como parte de sua estratégia de consolidação deste modelo econômico.


Para 2010 ser “o ano do investimento” conforme disse Lula recentemente ainda falta muita coisa. À parte da concorrência desleal da expansão extrema da política de gasto público que, na equação macroeconômica, retira espaço para o investimento privado, num contexto onde o investimento público tem direcionamento eleitoral, a questão da formação do oligopólio bancário deve ser vista de forma objetiva. Investimento se faz com recursos próprios ou antecipação de ingresso futuro via tomada de crédito junto aos agentes financeiros. Tomar crédito de agentes financeiros implica em computar esses custos. Simples: Altos custos de crédito podem comprometer o ganho futuro. Projetos assim não decolam.


Demetrio Carneiro

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