Não é apenas bater em Lula que assusta os políticos.
No que é o verdadeiro exemplo do que é o oportunismo político-eleitoral a Câmara Federal conseguiu a proeza de aprovar na mesma sequência uma concordata com o Vaticano e em seguida aprovar uma Lei Geral das Religiões que diz exatamente o que diz a concordata, mas estende todas as vantagens e prerrogativas para todas(?) as religiões.
O Estado brasileiro é laico, quer dizer era laico.
O contribuinte, mesmo sem ser religioso estará obrigado a prover professores religiosos nas escolas públicas de ensino fundamental e arcar com a renúncia de tributação para as instituições religiosas.
Pelo noticiado apenas um partido teve coragem de se contrapor ao rolo compressor, o PSOL.
Esta lei e também o acordo com o Vaticano, são, pelo menos, estranhos, pois não tem nada a haver com respeito à religião. O respeito à religião já está garantido na Constituição Federal e até no Código Penal. Tem a haver é com interesses financeiros. Poderosos interesses financeiros.
Para garantir o verdadeiro ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental teria que haver professores de todas as religiões.
Será curioso ver municípios que sequer investem na estrutura de suas escolas e nos salários de seus professores garantindo a liberdade religiosa de seus alunos e fornecendo e pagando professores para 4 ou 5 religiões, cultos ou seitas diferentes. Ou o mesmo professor dará aula para evangélicos, umbandistas e budistas, por exemplo?
Evidentemente o ensino se fará a favor das religiões mais estruturadas e em prejuízo das menos estruturadas.
É isto que os nobres parlamentares imaginam como democracia religiosa? Ou será porque muitos parlamentares representam e esperam votos das religiões mais estruturadas?
Demetrio Carneiro