segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O QUE SERÁ O AMANHÃ? TEMPO 2








“O realejo diz que eu serei feliz...” Mas seremos mesmo? O governador do estado do Rio, a base garantida de Dilma, diz aos leitores do O Globo: "Acredito que a gente vá ter crescimento econômico, não dá para ter outro ano como 2015".
Enquanto a basealiada esbanja otimismo o “mercado” prevê uma recessão do tamanho de um PIB de menos 2,9% e uma inflação de 6,8%. Em paralelo o dólar vai a R$ 4,30 e o Brasil fica entre os 10 maiores riscos de 2016, para o mercado internacional.
A FGV, hoje no Valor Econômico, estima, diferentemente do mercado, a inflação de 2016 em 7,3% devido ao que define como inércia. Por óbvio não será em 2016, e talvez nem em 2017, que a inflação vai chegar onde o BC quer que ela chegue.
Talvez a questão principal não seja o câmbio ou a inflação. Embora a previsão de 7,3% já devesse começar a preocupar ao menos os mais responsáveis. A questão é como sair da depressão, ou alguém tem um nome melhor, vistas as previsões para 2016?
O PT, sempre segundo a mídia, já deu a sua solução de esquerda: mais impostos e mais dívidas. As últimas seriam depositadas no colo da aliança geoestratégica preferida do partido, a China. Vamos combinar que o keynesianismo de prateleira petista não conseguiria apresentar outra proposta. Aumentar impostos numa situação onde a arrecadação chegou em dois trilhões e falta recursos para tudo é uma complicação que nem mesmo a saia justa que o Congresso vestiu ao aprovar na lei orçamentária uma proposta de tributação que não havia aprovado em plenário, vai resolver. Da mesma forma contrair dívidas com a China ou com o Lesoto que seja, também resolverá, pois estamos falando de um saco sem fundo, metade construído por incompetência e metade por má fé.
A Focus de 31 de dezembro que estimava a queda de 2016 em 2,95%, estimava a queda no PIB de 2015 em 3,71%. Ora, uma pela outra, essas quedas combinadas representarão um recuo de aproximadamente 6,71% no PIB brasileiro, o que significa praticamente voltar ao ano do primeiro mandato de Dilma. Quando houver retomada ela se dará com base nesse recuo. Adicionalmente é muito difícil imaginar que os maus resultados não venham a impactar 2017 e 2018.
Diferentemente de outras crises associadas ao comportamento da economia externa a atual, assim como a jabuticaba, é coisa nossa. As crises geradas a partir de nossa relação com o resto do mundo foram marcadas como crises relativamente curtas. Nada autoriza a imaginar que essa depressão tenha voo curto. Mais provável imaginar que tenhamos pela frente o período mais longo de crise na história da economia brasileira. Estamos bem longe da destruição criativa de Schumpeter. Nossa destruição é destrutiva mesmo e esse é um ciclo de desconstrução do crescimento que pode ser medido pela rápida que do produto potencial que é calculado hoje em 0,9%. Trazer de volta o produto potencial para níveis mínimos de 2%/3% irá exigir a reconstrução do que está sendo destruído. Estamos falando de complexas questões de infraestrutura. Questões que não se resolvem num piscar de olhos. Ao contrário demandam anos e muito recurso.
Ao mesmo tempo nossas janelas de oportunidades vão sendo perdidas. A Índia, por ter sabido bem aproveitar seu bônus demográfico, deverá ultrapassar a China em termos de crescimento nos próximos ano. Nós, nesse exato momento, estamos condenando toda uma geração à subutilização de Capital Humano, Capital Humano que seria fundamental nessa retomada. Simplesmente não haverá como retomar e, após a retomada, disponibilizar Capital Humano em quantidade e qualidades necessárias. A regra é simples: quanto mais nos afastamos dos outros países, especialmente dos emergentes, mais difícil se tornará um realinhamento.
O custo real da dominação petista ainda irá ser definido no futuro e nas próximas décadas. No momento só podemos vislumbrar.

Fonte da imagem: http://confissoesdepai.blogspot.com.br/2011/02/estou-procurando-um-realejo.html