“O realejo diz
que eu serei feliz...” Mas seremos mesmo? O governador do estado do Rio, a base
garantida de Dilma, diz
aos leitores do O Globo: "Acredito que a gente vá ter crescimento
econômico, não dá para ter outro ano como 2015".
Enquanto a
basealiada esbanja otimismo o “mercado” prevê uma recessão
do tamanho de um PIB de menos 2,9% e uma inflação de 6,8%. Em paralelo o
dólar vai a R$ 4,30 e o Brasil
fica entre os 10 maiores riscos de 2016, para o mercado internacional.
A FGV, hoje no
Valor
Econômico, estima, diferentemente do mercado, a inflação de 2016 em 7,3%
devido ao que define como inércia. Por óbvio não será em 2016, e talvez nem em
2017, que a inflação vai chegar onde o BC quer que ela chegue.
Talvez a
questão principal não seja o câmbio ou a inflação. Embora a previsão de 7,3% já
devesse começar a preocupar ao menos os mais responsáveis. A questão é como
sair da depressão, ou alguém tem um
nome melhor, vistas as previsões para 2016?
O PT, sempre
segundo a mídia, já deu a sua solução de
esquerda: mais impostos e mais dívidas. As últimas seriam depositadas no
colo da aliança geoestratégica preferida do partido, a China. Vamos combinar
que o keynesianismo de prateleira petista não conseguiria apresentar outra
proposta. Aumentar impostos numa
situação onde a arrecadação chegou em dois trilhões e falta recursos para tudo
é uma complicação que nem mesmo a saia justa que o Congresso vestiu ao aprovar
na lei orçamentária uma proposta de tributação que não havia aprovado em
plenário, vai resolver. Da mesma forma contrair dívidas com a China ou com o
Lesoto que seja, também resolverá, pois estamos falando de um saco sem fundo,
metade construído por incompetência e metade por má fé.
A Focus de 31
de dezembro que estimava a queda de 2016 em 2,95%, estimava a queda no PIB
de 2015 em 3,71%. Ora, uma pela outra, essas quedas combinadas representarão um
recuo de aproximadamente 6,71% no PIB brasileiro, o que significa praticamente voltar
ao ano do primeiro mandato de Dilma. Quando houver retomada ela se dará com
base nesse recuo. Adicionalmente é muito difícil imaginar que os maus resultados
não venham a impactar 2017 e 2018.
Diferentemente
de outras crises associadas ao comportamento da economia externa a atual, assim
como a jabuticaba, é coisa nossa. As crises geradas a partir de nossa relação
com o resto do mundo foram marcadas como crises relativamente curtas. Nada
autoriza a imaginar que essa depressão tenha voo curto. Mais provável imaginar
que tenhamos pela frente o período mais longo de crise na história da economia
brasileira. Estamos bem longe da destruição criativa de Schumpeter. Nossa
destruição é destrutiva mesmo e esse é um ciclo de desconstrução do crescimento
que pode ser medido pela rápida que do produto potencial que é calculado hoje
em 0,9%. Trazer de volta o produto potencial para níveis mínimos de 2%/3% irá
exigir a reconstrução do que está sendo destruído. Estamos falando de complexas
questões de infraestrutura. Questões que não se resolvem num piscar de olhos.
Ao contrário demandam anos e muito recurso.
Ao mesmo tempo
nossas janelas de oportunidades vão sendo perdidas. A Índia, por ter sabido bem
aproveitar seu bônus demográfico, deverá ultrapassar a China em termos de
crescimento nos próximos ano. Nós, nesse exato momento, estamos condenando toda
uma geração à subutilização de Capital Humano, Capital Humano que seria fundamental
nessa retomada. Simplesmente não haverá como retomar e, após a retomada,
disponibilizar Capital Humano em quantidade e qualidades necessárias. A regra é
simples: quanto mais nos afastamos dos outros países, especialmente dos
emergentes, mais difícil se tornará um realinhamento.
O custo real
da dominação petista ainda irá ser definido no futuro e nas próximas décadas.
No momento só podemos vislumbrar.
Fonte da imagem: http://confissoesdepai.blogspot.com.br/2011/02/estou-procurando-um-realejo.html