quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

DILMA A GESTORA MODELO DA PETROBRAS




Dilma era uma solene desconhecida do grande público quando Lula decidiu que ela era a melhor candidata do PT para 2010. Tinha sentido, aparentemente não constituía risco aos planos de continuidade de Lula e não geraria questões internas que iriam surgir com outro candidato petista, fosse qual fosse. O tempo se encarregaria de demonstrar que foi um erro. A tentativa de manter o PT unido em torno de um nome custou ao PT uma profunda divisão, aparentemente insanável.

O fato é que Dilma foi a candidata e foi apresentada à nação como gestora de primeira linha, especialmente dado o sucesso da Petrobras. Foi o momento do delírio do Pre Sal, que viria para salvar a pátria. Os bilhões cairiam no caixa do governo, tornando desnecessária a dependência de investidores externos para financiar nosso crescimento, já que o governo por si vinha historicamente reduzindo sua participação nos investimentos internos, fixado que estava em gastos para manter a Coalizão Neopatrimonialista. Naquele momento o modelo de exploração foi posto no colo da empresa, com participação obrigatória em todos os investimentos e os grupos corporativos públicos e privados travaram uma pesada batalha pelos sonhados resultados da exploração de nosso bem natural.
 
O que a história nos trouxe foi bem diferente. O pouso não tão suave da economia chinesa, a exploração do xisto nos EUA/Canadá, a recuperação mais lenta da economia mundial e as infelizes escolhas na formação de alianças geoestratégicas, acabaram por desfazer o sonho.

O preço do petróleo despencou no mercado internacional e, para piorar, nossas tecnologias vão surgindo. No fim do século XIX imaginava-se que apenas o esgotamento da exploração do carvão forçaria o surgimento de produtos alternativos. Não foi o que aconteceu. O petróleo virou o principal produto bem antes do esgotamento das minas, que operam até hoje. Nada desautoriza imaginar que algo semelhante ocorra com o petróleo. A aventura do Pre Sal e os milhões gastos em divulga-la, com o devido uso eleitoral, desfocaram essa leitura da possibilidade de substituição. Certamente um comportamento mais centrado no uso meticuloso dos recursos teria sido melhor. Mas, infelizmente continuamos importando petróleo e a política rasteira de manter preços internos artificialmente baixos acabou gerando à empresa um prejuízo de mais de U$ 60 bilhões. Prejuízo que, agora na contramão da crise, precisa ser reposto para viabilizá-la financeiramente, já que entre as petroleiras do mundo ela é a mais endividada.

Apesar de tudo o governo ainda insiste em cantar favas. Recentemente, 12/11, Valor, o presidente da empresa, aliás presente nos escândalos de corrupção, anunciou que o custo de produção do Pre Sal havia caído. Na realidade em maio, 11, o portal chapa-branca 247, já anunciava que o custo havia caído para U$ 9,00 e usava o fato para argumentar que a empresa não devia abrir mão de investir diretamente na exploração dos campos. Só não explicava de onde viriam os recursos.  Contudo estávamos falando de custo de produção e não preço final. Para o preço final outra matéria, essa do Estado de São Paulo, 25/10, colhia de Solange Guedes, diretora de Exploração e Produção da Petrobrás, a informação de que seria de U$ 45,00. Embora o presidente da empresa tenha festejado o novo custo de U$ 8,00, de forma irresponsável, parece ser um hábito desse governo, comparou com o custo de produção com o custo final atual do barril de cerca de U$ 30,00. Obviamente desavisas veriam ali uma enorme vantagem. Para piorar já há quem preveja o barril abaixo de U$ 20,00.

Enfim, só mesmo os petistas mais alienados, ou sindicalistas profissionais, conseguem olhar para esse quadro sem perceber o quanto os governos petistas destruíram o que eles mesmos chamam de maior patrimônio do povo brasileiro.

O resultado dos erros de leitura estratégica, do uso político do preço do combustível, da inserção da empresa no esquema de usos e abusos da Coalizão Neopatrimonialista, nos trouxe a atual situação em que o plano de trabalho apresentado pela Petrobras derrubou as ações e as levou para seu patamar mais baixo, desde maio de 2004.


Algum tempo atrás Lula e Dilma estimularam trabalhadores a trocar seus recursos no FGTS por ações da empresa. Mais uma enganação. Talvez esteja na hora de pedirem seu dinheiro de volta.

Fonte da imagem: http://charges.uol.com.br/2014/04/15/cotidiano-o-petroleo-e-nosso/