Continuando...o
realejo diz que eu serei feliz! Seremos todos felizes? São naturais nessa época
do ano votos de muita felicidade e prosperidade.
Vamos torcer para
que seja verdade, mas nada indica que 2016 será melhor que 2017. Uma entrevista
feita ontem com um empresário da informalidade dá a pista. Perguntado como iam
as vendas ele disse que só começou a vender quando baixou o preço pela metade.
Com o preço pela metade ele “ganhava pouco”, mas estava vendendo. Do que se
trata? Ambição desenfreada? Preferimos apostar num seguro contra a inflação
futura. É simples. O produtor não calcula seus custos passados. Verificando a
alta generalizada ele calcula seus custos futuros. Ou seja, ele embute no seu
preço a inflação futura e não apenas a passada. Este é o movimento de
retroalimentação que deveria estar preocupando quem produz a política econômica
de governo.
Nosso problema
é que Dilma, e Barbosa, é do time da relativização. Ainda dotam a máxima de
Delfin quando ministro da ditadura. Delfin afirmava que uma inflação de 12%, “um
pouco de inflação”, não faz mal a ninguém e ajuda o país a crescer. É essa a
mensagem que a presidente envia para o distinto público ao falar em um ajuste
fiscal que permita o crescimento. Certamente é menos radical que Belluzzo que
afirma que primeiro precisamos crescer para depois fazer o reajuste, mas o
atalho da relativização está claro em ambos os casos.
Mas não fica
apenas nisso.
O orçamento de
2016 tem toda a pinta de virar deficitário, mesmo com a aprovação compulsória
da CPMF – mais uma vez o Congresso irá ficar de joelhos? - pois a previsão de queda do produto é inicial.
Sabemos que não há nada no horizonte de 2016 que indique uma melhoria relativa.
Pelo contrário. Fatos como a perda do grau de investimento indicam o contrário.
Tanto é assim que os gênios da economia já decidiram sacar por conta do Fundo
Soberano R$ 800 milhões para tapar alguns buracos. Não custa lembrar que nosso
fundo não é infinito e que não se trata exatamente de um exemplo de
confiabilidade na condução da política fiscal.
É. Talvez o
realejo precise se reprogramado, pois 2016 pode ser um ano bem complicado para
nós e para um governo que precisa se apoiar em aliados rotos e trôpegos, como o
governador do Estado do Rio.
O melhor
símbolo da política de Dilma é a família Picciani e seu poço sem fundo do baixo
clero. Com o debate sobre o impeachment entrando fevereiro à dentro e com a
natural queda da atividade econômica de início de ano, multiplicada pela má
gerência e crise de confiança, certamente o custo da basealiada vai crescer e
novas despesas se farão necessárias. Melhor dar adeus ao ajuste fiscal. De fato,
de fato, só promessas largadas ao vento como a Reforma da Previdência que conta
com a desaprovação de todas as centrais. Não por acaso o bom moço começou a
levar pedrada sem que sequer se completassem as primeiras 24 horas no cargo.
Para 2016 só
falta mesmo é uma grande surpresa do tipo “bem que eu tentei, mas já que não
deu certo...”. Afinal, em momento algum Dilma reconheceu que sua Nova Matriz
estava errada e seu público interno realmente acredita que vai dar certo. O
neoevangelismo petista está sempre à postos.
Isso tudo
achamos que já sabemos. Mas, e a oposição? O que exatamente a oposição tem a
oferecer ao país além do festival de bateção de cabeças.
Num ano
eleitoral com repercussões fundamentais nas eleições presidenciais de 2018 a
oposição tem algum projeto mais consistente, ou o projeto é cada qual para seu
lado deixando o eleitor sem opções? Enfim, num momento onde o eleitor finalmente
parece disposto a trocar o presente pelo futuro, qual o futuro que a oposição
está disposta a apresentar ao distinto público?