Dilma era uma
solene desconhecida do grande público quando Lula decidiu que ela era a melhor
candidata do PT para 2010. Tinha sentido, aparentemente não constituía risco
aos planos de continuidade de Lula e não geraria questões internas que iriam
surgir com outro candidato petista, fosse qual fosse. O tempo se encarregaria
de demonstrar que foi um erro. A tentativa de manter o PT unido em torno de um
nome custou ao PT uma profunda divisão, aparentemente insanável.
O fato é que
Dilma foi a candidata e foi apresentada à nação como gestora de primeira linha,
especialmente dado o sucesso da Petrobras. Foi o momento do delírio do Pre Sal,
que viria para salvar a pátria. Os
bilhões cairiam no caixa do governo, tornando desnecessária a dependência de
investidores externos para financiar nosso crescimento, já que o governo por si
vinha historicamente reduzindo sua participação nos investimentos internos,
fixado que estava em gastos para manter a Coalizão Neopatrimonialista. Naquele
momento o modelo de exploração foi posto no colo da empresa, com participação
obrigatória em todos os investimentos e os grupos corporativos públicos e
privados travaram uma pesada batalha pelos sonhados resultados da exploração de
nosso bem natural.
O que a
história nos trouxe foi bem diferente. O pouso não tão suave da economia
chinesa, a exploração do xisto nos EUA/Canadá, a recuperação mais lenta da
economia mundial e as infelizes escolhas na formação de alianças geoestratégicas,
acabaram por desfazer o sonho.
O preço do petróleo
despencou no mercado internacional e, para piorar, nossas tecnologias vão
surgindo. No fim do século XIX imaginava-se que apenas o esgotamento da
exploração do carvão forçaria o surgimento de produtos alternativos. Não foi o
que aconteceu. O petróleo virou o principal produto bem antes do esgotamento
das minas, que operam até hoje. Nada desautoriza imaginar que algo semelhante ocorra
com o petróleo. A aventura do Pre Sal e os milhões gastos em divulga-la, com o
devido uso eleitoral, desfocaram essa leitura da possibilidade de substituição.
Certamente um comportamento mais centrado no uso meticuloso dos recursos teria
sido melhor. Mas, infelizmente continuamos importando petróleo e a política
rasteira de manter preços internos artificialmente baixos acabou gerando à
empresa um prejuízo de mais de U$ 60 bilhões. Prejuízo que, agora na contramão
da crise, precisa ser reposto para viabilizá-la financeiramente, já que entre
as petroleiras do mundo ela é a mais endividada.
Apesar de tudo
o governo ainda insiste em cantar favas. Recentemente, 12/11,
Valor,
o presidente da empresa, aliás presente nos escândalos de corrupção, anunciou
que o custo de produção do Pre Sal havia caído. Na realidade em maio, 11, o
portal
chapa-branca 247, já anunciava que o custo havia caído para U$ 9,00 e usava
o fato para argumentar que a empresa não devia abrir mão de investir
diretamente na exploração dos campos. Só não explicava de onde viriam os recursos.
Contudo estávamos falando de custo de
produção e não preço final. Para o preço final outra matéria, essa do Estado de
São Paulo, 25/10, colhia de Solange Guedes, diretora de Exploração e Produção
da Petrobrás, a informação de que seria de U$ 45,00. Embora o presidente da
empresa tenha festejado o novo custo de U$ 8,00, de forma irresponsável, parece
ser um hábito desse governo, comparou com o custo de produção com o custo final
atual do barril de cerca de U$ 30,00. Obviamente desavisas veriam ali uma enorme
vantagem. Para piorar já há quem preveja o barril
abaixo
de U$ 20,00.
Enfim, só
mesmo os petistas mais alienados, ou sindicalistas profissionais, conseguem
olhar para esse quadro sem perceber o quanto os governos petistas destruíram o
que eles mesmos chamam de maior
patrimônio do povo brasileiro.
O resultado
dos erros de leitura estratégica, do uso político do preço do combustível, da
inserção da empresa no esquema de usos e abusos da Coalizão Neopatrimonialista,
nos trouxe a atual situação em que o plano de trabalho apresentado pela Petrobras
derrubou as ações e as levou para seu patamar mais baixo,
desde
maio de 2004.
Algum tempo
atrás Lula e Dilma estimularam trabalhadores a trocar seus recursos no FGTS por
ações da empresa. Mais uma enganação. Talvez esteja na hora de pedirem seu
dinheiro de volta.
Fonte da imagem: http://charges.uol.com.br/2014/04/15/cotidiano-o-petroleo-e-nosso/