segunda-feira, 14 de julho de 2014

BRICS: A CAMINHADA INSUSTENTÁVEL PARA O CENTRO



Na ânsia de buscar uma agenda positiva Dilma se apressa em aproveitar a Copa para reunir no Brasil os BRICS(1). 

Immanuel Walerstein(2), um dos mais ativos formuladores da forte teoria sobre o Sistema-Mundo, falando sobre a possível multipolaridade que se instala na geopolítica planetária coloca os países emergentes numa caminhada para o Centro do Sistema-Mundo capitalista.

De fato, e apesar da crise mundial, essa vontade de caminhar para o Centro é forte entre os emergentes. Na abertura da crise a leitura mais comum era a da janela de oportunidades. A ordem mundial da polaridade americana/européia vinha abaixo e os emergentes eram a nova e vigorosa força. Essa leitura esquecia que o planeta é um só e que, é o que o próprio Walerstein fala, as economias estão ligadas em escala planetária, mesmo que muitos insistam em desconhecer o fato. A teoria da imunidade dos emergentes não resistiu aos fatos e a crise chegou também a eles, retardando a chegada ao Centro.

Especialmente a situação brasileira é mais complicada. Transformado em laboratório do socialismo moreno de Dilma o país tem se colocado sempre atrás dos outros emergentes. Talvez por isso o governo brasileiros sinta tanta necessidade de se por na cena, mesmo que de forma equivocada como no caso do debate do item 16 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU(3).

O fato real é que, da mesma forma que a Classe C(4) é muito mais heterogênea do que gostaria o governo brasileiro, os emergentes também são heterogêneos. 

Mas a questão agora é o que exatamente significa "caminhar para o Centro". Se caminhar para o Centro for manter os mesmos padrões de consumo e uso de recursos naturais das sociedades que já estão no Centro, então, se considerarmos a Pegada Ecológica(5) dessas sociedades certamente não haverá Centro e sim um planeta esgotado e um risco de extinção da vida.  

Se tivermos por base o Brasil e usarmos nos padrões atuais de consumos e uso de recursos naturais não renováveis, e a nossa pegada é uma das menores,  um planeta não seria suficiente para sustentar este estilo de padrão de vida.

Dai que qualquer debate sobre a Caminhada para o Centro é falso e demagógico se não for um debate sobre a Sociedade de Transição.


(1)
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2014/07/13/internas_economia,437187/brics-reunem-se-para-reforcar-o-papel-dos-emergentes-na-nova-ordem-global.shtml

(2)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_do_sistema-mundo

(3)
http://alterbrasil.blogspot.com.br/2014/07/geoestrategia-e-debate-dos-objetivos-do.html

(4)
http://alterbrasil.blogspot.com.br/2014/07/a-classe-c-nao-foi-ao-paraiso-inflacao.html

(5) 
http://alterbrasil.blogspot.com.br/2014/07/sociedade-de-transicao-pegada-ecologica.html