O recente trabalho do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente-PNUMA, "21 questões para o século 21", arrola como uma das questões emergentes, com graves implicações ambientais, mais complexas a retira de operação dos reatores nucleares considerados obsoletos. Segundo o relatório a retirada de operação desses reatores coloca em questão a guarda segura dos dejetos radioativos em um volume muito maior do que o imaginado e, possivelmente, previsto. Ainda se comenta que a crescente reação ao uso dessa fonte de energia só fará acelerar um processo inevitável. Outro complicador seria o fato de haver pouco pessoal especializado disponível para essa tarefa.
Hoje, a um ano do acidente de Fukushima, foi organizado um mega protesto na França - 75% da energia daquele país é nuclear - com a participação de 60 mil pessoas da França, Alemanha, Bélgica e outros países, na região francesa que concentra o maior número de plantas nucleares.
Hoje, ainda, o Climate Progress trás um extenso e detalhado artigo sobre essa questão, no sentido crítico. Entre outras coisas o artigo menciona o crescente custo de instalação das plantas dessas usinas que teria pulado de U$ 4 mil por kw para U$ 8.100/kw em curto espaço de tempo.
Dito isto podemos olhar orgulhosos para os nossos reatores e começarmos a nos preocupar com o que fazer com a montanha de resíduos radioativos quando forem desativados e se, frente a tanta tantas opções de uso de energia renovável precisamos realmente investir R$ 7 bi em Angra 3.
Por mais que técnicos, inclusive bons técnicos brasileiros, nos afirmem segurança nos procedimentos de operação de usinas nucleares a escala dos acidentes quando ocorrem serão sempre uma fonte de preocupação. Agora adicionada a preocupação com os dejetos das usinas postas fora de uso.
Demetrio Carneiro