A constatação da matéria do Estadão sobre o diferencial de custos entre o Brasil e os Estados Unidos só faz reforçar o óbvio e coloca na berlinda a nossa queda histórica de produtividade: O estilo de crescimento brasileiro, consagrado nos dois governos petistas, consolidado por nosso peculiar capitalismo de laços,associado ao "como" se defende a indústria brasileira não nos levará a lugar algum que não seja o enriquecimento de determinados grupos que historicamente sempre se beneficiaram dos acessos de nacionalismo governamental. Com efeito é muito lucrativo ser nacionalista para os grandes empresários da coalizão de poder e é muito lucrativo ser nacionalista para os políticos que capturam os votos desavisados da nossa cultura nacional-desenvolvimentista.
Nesse esquema as coisas realmente importante como a geração de novos postos de trabalho com base em paradigmas ajustados ao futuro, imersão educacional de nossos jovens, reformas estruturantes, consolidação institucional, questões de produtividade e uma dezena de outros temas que deveriam ser o foco das políticas públicas e projetos de nossa sociedade acabam sendo relegadas ao segundo plano e nós todos submetidos ao crescimento medíocre.
Pena que o arcaico ainda conseguida se disfarçar de moderno entre nós. Mais triste ainda que o eleitor, o verdadeiro decisor, ainda cai na esparrela.
Demetrio Carneiro
18 de março de 2012 | 7h 33
AE - Agencia Estado
Está mais barato produzir bens industriais nos Estados Unidos do que no Brasil. A afirmação parece um contrassenso, mas se tornou realidade. A crise provocou uma reviravolta na estrutura de custos das empresas, encarecendo uma nação emergente como o Brasil e tornando os EUA um país de baixo custo.
"As empresas relatam que hoje existem condições mais favoráveis para a produção industrial nos Estados Unidos do que no Brasil", conta Gabriel Rico, CEO da Câmara Americana de Comércio (Amcham-Brasil), que reúne as multinacionais americanas instaladas no País. O câmbio é o principal vilão por causa do enfraquecimento do dólar, especialmente diante do real, mas não é o único. Levantamento da MB Associados, feito a pedido da reportagem, aponta que despesas importantes, como energia e mão de obra, subiram muito mais no Brasil do que nos Estados Unidos.
Nos últimos cinco anos, o custo do trabalho em dólar na indústria aumentou 46% no Brasil e apenas 3,6% nos Estados Unidos. Segundo Aluizio Byrro, presidente do conselho da Nokia Siemens na América Latina, a mão de obra no Brasil está entre as mais caras do mundo. "Um gerente de nível médio chega a ganhar 20% menos nos EUA do que aqui."
No Brasil, os encargos trabalhistas são pesados e a variação cambial encareceu os salários em reais. Além disso, o crescimento da economia e a baixa escolaridade da população provocou uma forte escassez de mão de obra qualificada. Nos Estados Unidos, trabalhadores não têm direitos como décimo terceiro salário ou licença-maternidade. Com a crise, as empresas ganharam poder de barganha e conseguiram até redução de salários. "No setor automotivo americano, por exemplo, tudo foi repensado para salvar empresas que estavam à beira da falência", diz Marcelo Cioffi, sócio da consultoria PwC. "Já o Brasil é um dos países mais onerosos do mundo para produzir carros. Não só pelo câmbio, mas também pela falta de escala, excesso de impostos, mão de obra e matéria-prima mais caras." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.