segunda-feira, 14 de maio de 2012

PREÇO DE HOTEL VIROU "ASSUNTO DE ESTADO"

Nada como a desorganização tropical para confirmar a leitura do primeiro mundo sobre nossas ineficiências crônicas... 

No caso específico foi mais ou menos assim: Europeus avisaram na semana passada que não viriam à Rio +20 por conta das absurdas tarifas dos hotéis cariocas, se comparadas com hotéis do mesmo número de estrelas na Europa. 

À parte: os pobres dos europeus acreditam nas estrelinhas da Embratur. São muito inocentes! 

Continuando...Na sequência alguma "autoridade" dessas que pululam e poluem nosso meio disse que não haveria qualquer problema nos europeus não virem. 
Alguém com mais juízo na cabeça deve ter feito as contas e descoberto que sem a Europa era melhor não ter Rio+20 e, pronto, acendeu o sinal vermelho no Planalto. 
Com a eficiência que não costuma ter no PAC a presidência de imediato convocou os donos de hotéis do Rio pra uma reunião à nível ministerial, com Embratur e outros peduricalhos. O recado foi curto e grosso: "baixem os preços". 

Muito bem, aqui no país da Copa, aquele país que vai ter vagas de hotel a preço popular sobrando em 2014, o governo decidiu inventar a tarifa social para os hotéis. 
Tarifa social no Brasil começou na década de 1920 quando o governo decidiu baixar os preços da passagem de bonde no Rio de Janeiro. Decisão que anos mais tarde quebraria a Bond and Share e daria quilômetros de pano para mangas a Lacerda e à Tribuna da Imprensa. Em outras épocas, durante a ditadura, a tarifa social quase quebrou a Petrobras. 

De qualquer forma e com toda a sua ineficiência a tarifa sempre se argumentou por conta de aliviar os bolso do patrícios mais pobres ou menos ricos. É a primeira vez que se usa a tarifa social para aliviar bolso de rico...Outra diferença é que o prejuízo não será do contribuinte, mas da iniciativa privada. Pelo menos é o que parece, embora seja bom avaliar o custos dos subsídios indiretos via Embratur. Talvez os subsídios sejam a razão da concordância. 

Seja como for deixamos uma singela contribuição: quem sabe a presidência do alto de seus gastos orçamentários milionários não deveria ter alguém mais em dia com o mundo real e antes de sair oferecendo o país à torta e à direita não procura ou ter mais hotéis construídos ou trabalha para oferecer outros locais mais viáveis para esses eventos? Com o perdão dos cariocas. 

Demetrio Carneiro