No em 2010, quando tudo parecia se encaixar e caminhar para um final feliz, escrevi um pequeno texto para a revista Política Democrática que chamei "Para onde caminha a Europa". Nele e nadando contra a corrente, eu não via com tanto otimismo a recuperação e comentava:
" De momento o que parece importante para o movimento socialista não é apenas a defesa das garantias mínimas e do emprego, ação que fortalece o Estado nacional, embora necessária.
De momento o que parece também importante é a discussão do próprio conceito de crescimento e desenvolvimento e sua relação com a qualidade e a intensidade do consumo das famílias.
Hoje, mais do que antes, o socialismo deve debater o futuro de olho não em formulações conceituais, mas na experiência do presente. Não é um apelo ao estoicismo auto-punitivo, mas ao emprego mais racional dos recursos em oposição a um estilo de consumo mais perdulário."
A crise de 2008 teve custos políticos, mas não foram tão altos e intencionalmente não buscaram questionar a qualidade de vida ou os níveis de consumo da população européia. Basicamente os instrumentos forma keynesianos e consistiram em jogar dinheiro, muito dinheiro público, no mercado, troca de ativos, neutralização de outros etc. Como há um problema que o keynesianismo saltitante ignora que é a expectativa do agente econômico e a confiança dele nas instituições a “solução” só podia virar um problema. E virou.
A dívida dos Estados-Nação só fez crescer inviabilizando um finança pública minimamente saudável. Agora vem a segunda fase da crise: A necessidade de um ajuste fiscal, mas como se diz por ai ajuste fiscal não é para europeus.
Ai a gente entra no terreno do Trilema do Dan Rodrik: não tem como alinhar Estados-Nação com projetos coletivos que venham a exigir do Estado-Nação quebra na qualidade de vida das populações locais. Sem ajuste fiscal e certamente não farão, preferindo conviver com a inflação e o desequilíbrio fiscal, a União Européia vai para o sal. Afinal se a França, que é a segunda economia local não vai se preocupar com isso, por qual motivo não-alemães deveriam se preocupar?
Contudo tem uma questão geo-estratégica que o cidadão europeu não está pensando, por falta de lucidez ou excesso de confiança: como fica esse novo mundo de uma Europa fragmentada? Será que eles imaginam mesmo que continuarão no primeiro time?
Agora é que as novas correlações de força vão começar a se definir. Teremos um pouco de destruição criativa por ai...
A Europa com recursos naturais esgotados e completamente voltada para manter seus padrões de consumo inviáveis não tem nada a oferecer para o mundo.
E la nave vá...
Demetrio Carneiro
" De momento o que parece importante para o movimento socialista não é apenas a defesa das garantias mínimas e do emprego, ação que fortalece o Estado nacional, embora necessária.
De momento o que parece também importante é a discussão do próprio conceito de crescimento e desenvolvimento e sua relação com a qualidade e a intensidade do consumo das famílias.
Hoje, mais do que antes, o socialismo deve debater o futuro de olho não em formulações conceituais, mas na experiência do presente. Não é um apelo ao estoicismo auto-punitivo, mas ao emprego mais racional dos recursos em oposição a um estilo de consumo mais perdulário."
A crise de 2008 teve custos políticos, mas não foram tão altos e intencionalmente não buscaram questionar a qualidade de vida ou os níveis de consumo da população européia. Basicamente os instrumentos forma keynesianos e consistiram em jogar dinheiro, muito dinheiro público, no mercado, troca de ativos, neutralização de outros etc. Como há um problema que o keynesianismo saltitante ignora que é a expectativa do agente econômico e a confiança dele nas instituições a “solução” só podia virar um problema. E virou.
A dívida dos Estados-Nação só fez crescer inviabilizando um finança pública minimamente saudável. Agora vem a segunda fase da crise: A necessidade de um ajuste fiscal, mas como se diz por ai ajuste fiscal não é para europeus.
Ai a gente entra no terreno do Trilema do Dan Rodrik: não tem como alinhar Estados-Nação com projetos coletivos que venham a exigir do Estado-Nação quebra na qualidade de vida das populações locais. Sem ajuste fiscal e certamente não farão, preferindo conviver com a inflação e o desequilíbrio fiscal, a União Européia vai para o sal. Afinal se a França, que é a segunda economia local não vai se preocupar com isso, por qual motivo não-alemães deveriam se preocupar?
Contudo tem uma questão geo-estratégica que o cidadão europeu não está pensando, por falta de lucidez ou excesso de confiança: como fica esse novo mundo de uma Europa fragmentada? Será que eles imaginam mesmo que continuarão no primeiro time?
Agora é que as novas correlações de força vão começar a se definir. Teremos um pouco de destruição criativa por ai...
A Europa com recursos naturais esgotados e completamente voltada para manter seus padrões de consumo inviáveis não tem nada a oferecer para o mundo.
E la nave vá...
Demetrio Carneiro