O assunto de ontem foram as vaias que Dilma levou de prefeitos de municípios, que estão fora dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, ao anunciar que só se discutiria royalties do petróleo no futuro, ou seja do excedente do que já se retira hoje. No mais ela disse um discreto "virem-se".De uma lado prefeitos sem sintonia com os fatos do mundo e de outro a sempre forte veia autoritária, que fala mais altos nos momentos de maior tensão.
Contudo, e de alguma forma, esse debate interminável do pagamento de royalties acabou sendo uma cortina de fumaça para a questão mas crítica nas falas de Dilma ontem. A presidente fez uma forte crítica à aplicação do princípio da LRF aos prefeitos candidatos à reeleição. Segundo ela cerca de 3 mil prefeitos estariam impedidos de buscar a reeleição por conta de problemas na prestação de contas de suas gestões. Na realidade o primeiro alvo da presidente foi a exagerada eficiência da Lei da Ficha Limpa ao não permitir que políticos com problemas na justiça possam se candidatar. Ainda segundo ela não se pode comparar um ficha suja com pessoas de ficha limpíssima(!) que "apenas" deixaram de cumprir a LRF e estão portanto imputáveis.
Dilma parece ter esquecido que a Lei da Ficha Limpa é uma lei, das pouquíssimas leis do gênero que prosperaram, que foi fortemente debatida no Congresso e passou pelo crivo do Supremo. Na leitura dela o "governo federal"(!?) "não concorda com isso".
Na realidade o PT jamais foi favorável à LRF. Votou contra a sua aprovação e agora, numa véspera de eleições onde o desgaste do governo é enorme, com sua base rachada, nada mais elementar do que retomar a questão.
Ou por acaso essa fala presidencial não evidencias, remete sinais na direção de uma revisão da LRF?
Que fique atento quem entender a importância dessa lei na organização da administração pública brasileira.
Principalmente aqueles que imaginam necessária uma revisão para melhor e não para pior.
Demetrio Carneiro