quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

QUE VENHA O NOVO MINISTRO!



A notícia da vez é que o ministro da Fazenda já haveria acerta com Dilma a sua demissão. O que se fala é que Levy teria chegado a seu limite. Mas na verdade não se trata disso. É Dilma quem chegou a seu limite.
O nacional desenvolvimentismo que a move é uma extração de baixa qualidade do keynesianismo e tenta elaborar uma teoria fiscalista onde o gasto é o centro do processo de renovação e confirmação do Poder. Nos ciclos econômico-políticos tradicionais durante algum tempo o gestor economiza e durante outro tempo o gestor gasta para sustentar suas alianças de poder. Lula fez alguma coisa parecida. No caso de Dilma ela já pegou a mação bichada e, ao contrário de respeitar a natureza do ciclo preferiu seguir por outra via onde o gasto tem que se dar de forma permanente. Claro que não há máquina pública que suporte o gasto contínuo e crescente. Especialmente num momento onde a receita tributária não dá mais margem à recordes de tributação e rendas extra orçamentárias vão minguando. Aí está a origem das maracutaias de Lula e de Dilma. Não havendo recursos a sacar pelos canais normais da política financeira passaram rapidamente para a criatividade. Aliás admissível tanto pelo emaranhado legal que são as finanças públicas brasileiras quanto pela absoluta ignorância do distinto público na matéria. Complicado explicar o que foi feito, as decisões do corpo técnico do TCU e até mesmo as razões do impeachment para o eleitor comum. Com Collor foi bem mais fácil: roubou ou não roubou!
A discussão entre Levy e o resto do governo, incluso o PT e segmentos nacional desenvolvimentistas aliados, nunca foi sobre valores de superávit, mas sim sobre poder gastar e de onde retirar os recursos para gastar. Dilma como seus pares de pensamento não acredita no equilíbrio fiscal ou na economia de meios para reduzir a dívida pública. A aposta desse pensamento é na capacidade de ampliação da Dívida Pública, cujo montante se mantém em níveis internacionalmente baixos, ainda. Vão brincar de gastar até o teto admissível que pode ser 100% ou 130%. Não importa muito, para eles, o perfil de curto prazo. A Lei de Orçamento Anual de 2016, que está no centro dessa polêmica, prevê um gasto de mais de R$ 800 bilhões para rolagem da dívida. Esses números ficam no meio de um emaranhado de planilhas. Bem longe dos olhos do distinto público. Em vista do total de R$ 1 trilhão e tanto, estamos falando que 50% de tudo que se produz em termos de tributos, ou seja cerca de 17% de tudo que se cria como valor do trabalho dos brasileiros serve para “rolar” a dívida. Acreditem é um rolo mesmo quando se cria dívida nova para pagar dívida antiga. É como se você usasse o cheque especial para pagar o débito do cartão de crédito que já vem rolando há algum tempo. Não foi por acaso que Levy disse que já tinha recursos de caixa para saldar toda a dívida pública de curto prazo.
Mas nada disso impressiona Dilma. Em um post da semana passada, quando ainda falavam que ela queria reduzir o superávit de 0,7% para 0,5%, comentávamos que ela queria mesmo era 0%. Não deu outra. Não vamos exagerar se afirmarmos que essa não será apenas a terceira vez que ela muda a meta. Não esquecer que a proposta veio para a Câmara com superávit, que posteriormente foi reduzido.
É fora de dúvida que o Congresso Nacional liberou geral e que essa coisa de meta fiscal ficou para as calendas. O orçamento público brasileiro não tem mais uma meta fiscal. Ele tem uma referência, digamos demissível ad hoc. Nesse ponto é bom registrar que nossa bagunça fiscal não se deve apenas à desorientação de Dilma. Nosso Congresso Nacional está firme e forte no apoio à desorientação.
Tudo indica que iremos persistir nessa trilha. Aparentemente leis de finanças públicas frouxas interessam a todos os governos, já que todos os governos gostam muito dos atalhos que produzam resultados para o período do mandato. Soluções de médio e longo prazo não dão muito IBOPE. Essa discussão sobre cortar ou não o Bolsa envolve um pouco esse debate. Pessoalmente achamos que o corte no programa se justifica pelo seu resultado em termos de ineficiência de um programa que foi criado como paliativo e assume caráter permanente. Dilma defende sua permanência de olho nos votos que poderá perder, inclusive dentro do Congresso.
De concreto algum corte teria que ser feito para manter o superávit de 0,7%, mas com o orçamento engessado nas despesas obrigatórias fica difícil fazer cortes. Outro problema é o conceito de partir dos valores do ano anterior para corrigi-los no ano seguinte. Nessa lógica orçamentária o orçamento de um ano sempre será maior que o orçamento do ano anterior. Não importa se haverá redução de receita. Esse conceito é um beco sem saída em momentos de crise. A melhor solução seria a adoção do chamado orçamento de base zero. Nesse conceito os gastos de um ano são avaliados pela sua eficiência e podem ou não subir. Nosso problema é que tanto a desvinculação quanto o orçamento zero demandam debate, demandam um tempo que governo algum parece ter e Dilma, especialmente, não tem, pressionada que está pelo desmoronamento de sua gestão.
Que venha o novo ministro!


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