Dilma eleita
em seu primeiro mandato nos dava a impressão de ser apenas uma presidente medíocre
que nos levaria ao futuro com um crescimento baixo, mas algum crescimento. Lá
traz, no dia da posse, nem mesmo seu crítico mais feroz seria capaz de imaginar
o que tínhamos pela frente. Passamos por um primeiro mandato desastroso e
apenas ao fim dele é que começamos a vislumbrar que o que estava ruim poderia
ser muito pior.
E de fato está
sendo. A sensação deste momento é que o pior não acabou. Dilma se comporta como
altista e sua basealiada, amparada em sua extrema fragilidade, se comporta como
um bando de cupins capazes de traçar tudo que estiver pela frente. Seus
apoiadores, mesmo aqueles que pareciam mais sensatos, parecem ser incapazes de
entender o rumo das coisas. Ainda estão ancorados na década de 1960 e ainda
precisam dividir o mundo entre nós
direitistas e eles esquerdistas
redentores. Não conseguem entender que o mundo é diferente e que as leituras
em bloco tipo tudo o que eles pensam, propõem ou fazem é certo, e, portanto,
tudo o que nós outros pensamos ou propomos ou fazemos é errado.
Convenhamos a
mediocridade entre nós virou mérito. Só resta acreditar que a sociedade desperte
de sua letargia e se dê conta de que aqui não há qualquer ponte para lugar
algum. Apenas o abismo e não sabemos onde está o fundo.
Mas o pior
talvez seja apenas um conceito relativo. Talvez a incompetência mais séria não
seja nenhuma dessas como o PIB negativo por dois ou mais anos seguidos, promovendo
um monumental retrocesso na economia brasileira, da possibilidade da
retroalimentação da inflação que quebrou o limite psicológico dos dois dígitos
viabilizando patamares mais altos, ou o aumento do desemprego, a queda dos
investimentos externos por conta da perda do grau de investimentos.
Noves fora
tudo junto significa que a nossa Caminhada
para o Centro, em direção ao padrão de vida dos países desenvolvidos,
cantada em prosa e verso por Lula, mudou de direção e vai virando um Retorno para a Periferia. Wallerstein
deve estar de queixo caído...
Contudo, dentro
da relatividade do conceito de pior há uma questão que ainda está na lateral
dos debates, escanteada por tantos números negativos e pelo debate do
impeachment: quais seriam as consequências da instalação e ampliação da
epidemia de Zika no Brasil? Até aqui o que sabemos é da incapacidade e da
incompetência na gestão ambiental e de saneamento nos três níveis federativos.
Na saúde o episódio recente mais marcante foi o uso da cadeira do ministério
como moeda de troca política, como se não tivesse bastado o aparelhamento e o
desvirtuamento do quadro técnico.
Mas, e se
realmente a epidemia de Zika se alastrar? Qual será o impacto de parte de uma
geração de crianças com microcefalia ou outras doenças do sistema nervoso
central? No mínimo dois: 1) aumento de número de crianças com deficiência,
quando nossas políticas públicas para pessoas com deficiência estão a
quilômetros do que seria necessário; 2) antecipação do envelhecimento da
população economicamente ativa, quando também nesse caso nossas políticas
públicas estão muito longe de serem minimamente satisfatórias.
Talvez o
impeachment e o completo afastamento de toda estrutura de poder montada pelo PT
não seja uma opção, mas uma necessidade.
Fonte da imagem: http://quixeramobimagora.blogspot.com.br/2015/04/charge-do-bruno.html