É um tema
clássico do nacional desenvolvimentismo petista, bom registrar que há outras
variantes, não o combate à inflação, mas o combate ao combate à inflação. Para
eles os instrumentos de combate à alta generalizada de preços quando aplicados
inibem o crescimento da economia, portanto interferem diretamente na formação
da renda.
Nesse projeto
a renda dos mais pobres deve crescer initerruptamente até que cheguemos a um patamar
semelhante aos países desenvolvidos ou algo semelhante. Faz parte dele a
relativização da inflação. Foi o que Dilma determinou. Não se tratava do centro
da meta. Isto é, o centro da meta de inflação não deveria ser o alvo das
políticas econômicas. Já que havia um teto
a variação de 2% seria admissível e 6,5% de inflação seria tolerável. Não
haveria necessidade de aplicar instrumentos de contenção da inflação e o
governo poderia continuar estimulando o consumo e o gasto público. Veio a crise
a mais forte e com ela a necessidade de colocar as Contas Públicas em ordem.
Nesse momento instalou-se a esquizofrenia econômica. Ao mesmo tempo que buscam
o combate a inflação via seus instrumentos mais clássicos, até como forma de
transmitir um mínimo de credibilidade ao governo, a intenção de gasto público
permanece. Não por acaso enquanto o consumo das empresas e famílias cai o
consumo do governo se mantém positivo.
Foi por esse
caminho que chegamos à inflação de dois dígitos para 2015 e a persistir o
caminho poderemos chegar a valores semelhantes em 2016. Não adianta
tranquilizar alegando que as expectativas para 2016 não falam de dois dígitos
quando justamente essas expectativas já se aproximam de 8%.
Dilma e seus
acólitos se mostram incapazes de propor mudanças de rumos que sinalizem o
contrário. Visíveis são a falta de governabilidade, perda de consistência na
base política, perda de grau de investimento e mais uma fila extensa de outros
problemas. Situações que consolidam a insegurança dos agentes econômicos quando
sabemos por farta experiência histórica que a inflação de dois dígitos é uma
barreira psicológica e que a partir de um certo ponto há a retroalimentação do
processo inflacionário. Ou seja, os agentes econômicos passam a incorporar aos
seus preços não a inflação passada, mas sim a inflação futura. Esta é uma raiz
possível dos processos de alta inflação com tudo aquilo que já vivemos em um
passado nem tão distante.
Não combater
esse movimento de consolidação dos dois dígitos de inflação não é uma opção,
mesmo que esse governo destrambelhado não seja ele mesmo uma opção para o
Brasil.
Fonte da imagem: http://chargistaclaudio.zip.net/arch2009-11-22_2009-11-28.html