sábado, 26 de julho de 2014

José Eustáquio Diniz comenta os limites da tecnologia do ponto de vista da ecologia



Ótimo artigo publicado por José Eustáquio Diniz no boletim Ecodebate¹ comentando o livro "Techno-Fix: Why Technology Won’t Save Us or the Environment", autores Michael and Joyce Huesemann, coloca em debate as limitações da tecnologia. 

Há um antigo embate entre os economistas neoclássicos e os economistas da linha de pensamento ecológico e envolve o quanto a tecnologia pode ou não resolver os problemas criados pelo atual padrão de consumo e demanda por bens não renováveis. Isto sem entrar muito no debate dos danos ambientais por conta do aquecimento global e as alterações climáticas. 

Aceitando-se os argumentos dos neoclássicos sempre haverá algum tipo de inovação tecnológica que irá suprir a escassez de um determinado bem finito. Da mesma forma sempre haverá uma solução tecnológica para superar danos causados. De fato muito se avançou nos estudos em áreas sensíveis como a questão do uso de biotecnologia para melhorar a qualidade do ar ou da água ou na questão da matriz energética, citada no artigo. Se há fortes possibilidade de substituir a tecnologia das tradicionais usinas nucleares por sistemas que usam a fusão e geram uma energia limpa, sem a produção de resíduos radioativos. 

Já do ponto de vista dos economistas ecologistas a capacidade de inovação tecnológica não é infinita e mesmo algumas tecnologias podem gerar danos futuros não observáveis no presente, tema do livro analisado por Diniz. Para esses economistas há um limite prudencial que não deveria ser ultrapassado e os projetos de crescimento ou manutenção da sociedade humana deveriam sempre ser articulados com a permanência dos ecossistemas responsáveis por serviços essenciais à sobrevivência e qualidades de vida das espécies. De todas elas. 

Este é sem dúvida um debate que envolve escolhas em última análise políticas e que são resolvidas pelo voto em primeiro lugar. Também envolvem apostas, ou não, no modelo de Sociedade de Transição. 

Economistas neoclássicos tendem a olhar o debate da Sociedade de Transição como desnecessário, pois consideram que tudo se faz num projeto de racionalidade, fato que os desaparecimento de sociedades ao longo da história humana não parece comprovar.

1
http://www.ecodebate.com.br/2014/07/25/techno-fix-por-que-a-tecnologia-sozinha-nao-e-capaz-de-salvar-o-meio-ambiente-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/